12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 26 - Emancipação, Educação e Análise Social |
11384 - PERCEPÇÕES, VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS E SAÚDE EM LIXÕES: UM ESTUDO NA AMAZÔNIA LEGAL DO MARANHÃO.
ROSANA LIMA VIANA - MINISTÉRIO DA SAÚDE, CARLOS MACHADO DE FREITAS - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA
Apresentação/Introdução
O objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento das condições de vida das populações expostas aos lixões, a partir das percepções dos sujeitos envolvidos e de investigação realizada em campo. Nesse sentido, o artigo traz um estudo de base qualitativa realizado no bairro Canaã, situado na zona urbana do município de Santa Inês, Amazônia Legal do estado do Maranhão. O processo de coleta e análise dos dados buscou considerar a importância da população envolvida em torno da situação de saúde estudada, buscando interface com o contexto histórico, socioambiental e de saúde. Os resultados obtidos revelaram que os sujeitos, além de estarem vulneráveis aos riscos à saúde intrínsecos de uma área degradada por resíduos sólidos não tratados, sofrem com o estigma de serem marginalizados por estarem próximos a essa área.
Objetivos
O objetivo do presente trabalho é contribuir para o conhecimento das condições de vida das populações expostas aos lixões, a partir da percepções dos sujeitos envolvidos e de investigação realizada em campo.
Metodologia
Este estudo é fruto de uma pesquisa com abordagem qualitativa em saúde que teve como principal referência o método hermenêutico-dialético proposto por Minayo (2008), que considera o contexto que os sujeitos encontram-se inseridos como marco teórico fundamental para análise, buscando estabelecer constantes relações com os fatos surgidos (coletados) durante a pesquisa. Nesse sentido, foi considerado como os sujeitos, agregados em um nível populacional, tornam-se expostos ou vulneráveis a eventos ou processos que põem em risco sua saúde.
Na pesquisa em questão foram técnicas metodológicas entrevistas semiestruturadas e observação direta e assistemática. O processo de coleta e análise dos dados buscou considerar a importância da população envolvida em torno da situação de saúde estudada.
Discussão e Resultados
Os sujeitos ao pontuarem os principais problemas do bairro e/ou do município, trouxeram questões importantes que afetavam diretamente as condições de vida no bairro onde moravam, como a ausência de saneamento, os problemas de saúde existentes e a violência. Dessas questões, a que mais incomodava e gerava angústia aos moradores era a presença do “lixão” no Bairro, que atraía ratos e outros vetores, produzia fumaça e era identificado pelos moradores como principal causa dos problemas de saúde existentes na comunidade. Para além dos reais problemas de saúde decorrentes de um lixão, pode-se dizer que o desconforto dos moradores era principalmente com a estigmatização do lugar como “A Vila do Rato”. Cabe acrescentar, que o bairro estudado situava-se muito próximo do centro comercial da cidade, área cobiçada pelo comércio local. Portanto, a estigmatização do bairro, era oportuna para a expansão do comércio quando o lixão fosse retirado do Centro da cidade. Nessas circunstâncias, a população, além de estar vulnerável aos riscos à saúde intrínsecos de uma área degradada por resíduos sólidos não tratados, sofria ainda com o estigma de serem marginalizados por estarem próximos a essa área.
Conclusões/Considerações Finais
Os sujeitos demonstraram que para o enfrentamento dos problemas ambientais e de saúde em áreas degradadas, a incorporação das dimensões subjetivas da população, que vive e sofre com esses problemas, é um componente essencial na construção de estratégias que busquem a redução ou a remediação dos riscos ao ambiente e à saúde humana existentes nessas circunstâncias.
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