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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 28 - Promoção e Proteção da Saúde do Trabalhador |
10911 - TRABALHO EM EQUIPE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: O OLHAR DOS PROFISSIONAIS MARIA ANGÉLICA CARVALHO ANDRADE - UFES, ANA CLAUDIA PINHEIRO GARCIA - UFES, RITA DE CÁSSIA DUARTE LIMA - UFES, ELIANE DE FÁTIMA ALMEIDA LIMA - UFES, PAULA DE SOUZA SILVA FREITAS - UFES, THIAGO FACHETTI - UFES, JOÃO PAULO COLA - UFES, PABLO BOITEUX - UFES
Apresentação/Introdução Com a atual dimensão alcançada com a implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF), no Brasil, é consenso seu impacto na organização da atenção básica, criando condições para iniciativas capazes de reorientar o modelo assistencial, a partir do âmbito municipal. Assim, para que a ESF desencadeie um processo de construção de novas práticas, considera-se fundamental, o desenvolvimento do trabalho em equipe.
Apesar da relevância e das características inovadoras do estabelecimento de equipes para atuar na ESF, elas, sozinhas, não são suficientes para institucionalizar as práticas do trabalho em equipe. A simples composição de equipes nos serviços de saúde não corresponde necessariamente à realização de um ‘trabalho em equipe’. Se esta integração não acontecer, há possibilidade de que não seja superado o modelo de atenção fragmentado, desumanizado, voltado, principalmente, para a recuperação biológica dos indivíduos, sem uma divisão do trabalho mais flexível e com a mesma valoração social dos diferentes trabalhos.
Objetivos O objetivo do estudo é avaliar o trabalho em equipe, na percepção dos profissionais que atuam na estratégia da saúde da família. Considera-se que aspectos que dizem respeito ao campo das relações entre os profissionais podem indicar sua realização efetiva, dentre os quais o respeito, a existência de conflitos, a organização conjunta das atividades, rotinas e procedimentos, a liberdade, o prazer e a autonomia na organização do processo de trabalho, o estímulo à participação da comunidade e a garantia de criação de vínculos, laços, corresponsabilização e acolhimento.
Metodologia Estudo descritivo com abordagem quantitativa realizado no Espírito Santo, em 11 municípios com população superior a 50 mil habitantes.
A população foi constituída pelos profissionais atuantes nas equipes das estratégias saúde da família.
Para participar da pesquisa, as equipes de Estratégia de Saúde da Família deveriam ser compostas por: médico, enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem e, no mínimo, três agentes comunitários de saúde (ACS), com um tempo de atuação em conjunto de no mínimo seis meses. No total, participaram do estudo 10 municípios, pois um deles precisou ser excluído, por não apresentar nenhuma equipe que atendesse ao critério de inclusão.
Para a coleta de dados, foram utilizados três questionários semi-estruturados e auto preenchidos, cada um direcionado à função desempenhada dentro da equipe de saúde da família: agente comunitário de saúde, auxiliar/técnico de enfermagem e profissionais de nível superior (enfermeiro/médico).
Discussão e Resultados Participaram do estudo 240 profissionais: 121 (50,4%) ACS, 40 (16,7%) auxiliares/técnicos de enfermagem, 41 (17,1%) enfermeiros e 38 (15,8%) médicos. Quase todos os entrevistados fizeram referência a situações de trabalho em que deixam em evidência a articulação entre as ações desenvolvidas. De modo geral, os profissionais afirmaram a existência de um trabalho em saúde compartilhado, respeitoso, humanizado, com responsabilização e vínculo dos profissionais com os usuários, famílias e comunidade, pautado na autonomia, liberdade e prazer profissional. No entanto, diversos estudos apontam que a proposta de reorientação do modelo assistencial está longe de ser alcançada, persistindo o modelo tradicional, com predomínio do trabalho medicocêntrico, sem interação expressiva com o restante da equipe de saúde da família.
Algumas dificuldades comumente relatadas sobre o trabalho em equipe - em particular diferenças que dificultam o trabalho na equipe, conflitos relacionais, organização das atividades, estímulo à participação da comunidade e à criação de vínculos de corresponsabilização - também foram percebidas nessa pesquisa, porém, de modo muito pouco frequente.
Conclusões/Considerações Finais O trabalho em equipe não é um campo de generalizações, mas de incertezas, uma vez que parte de sujeitos e de suas singularidades. Todavia, os resultados desta pesquisa deixam em evidência o desenvolvimento de um processo de convívio e relações estabelecidas nestas experiências, possibilitando afirmar a legitimação de um trabalho conjugado entre a maioria dos profissionais. Com esse entendimento, destaca-se que a existência de articulação entre as ações executadas podem estar voltadas a um determinado fim, ou seja, a comunicação entre os profissionais manifesta-se, principalmente, para atender as demandas imediatas expressas nas queixas apresentadas pelos usuários. Desse modo, é importante problematizar também a dimensão comunicativa que permeia a ação técnica. Sugerem-se, assim, futuras pesquisas a cerca de evidências que mostrem a equipe em busca de uma construção de consensos e acordos sobre os problemas de saúde da população assistida.
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