12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 36 - Saberes e Práticas na Atenção Básica |
12062 - A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM COMUNIDADES ESCOLARES COMO LEGADO: UM ESTUDO SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DE HANNAH ARENDT PARA UMA PROPOSIÇÃO PEDAGÓGICA VINÍCIUS AZEVEDO MACHADO - UEA, ROSENI PINHEIRO - UERJ
Apresentação/Introdução Com base no ensaio A Crise na Educação, de Hannah Arendt, buscamos compreender suas contribuições para uma proposição didática adequada à promoção da saúde em comunidades escolares. Consideramos saúde da comunidade escolar o conjunto de ações cujo o fim é concretizar as propostas de promoção da saúde. O interesse das políticas públicas na escola reside em desenvolver ações para a prevenção de doenças e para o fortalecimento dos fatores de proteção. Assim, a saúde escolar se apresenta em duas dimensões: educativa e serviços em saúde. A primeira se relaciona com a educação em saúde nas instituições de ensino, constituindo-se na organização do trabalho pedagógico. A segunda enfatiza as condições de saúde dos escolares e, de acordo com o Programa Saúde na Escola (PSE), envolve avaliação clínica e psicossocial. Assim, tal proposição didática deverá considerar formação integral da comunidade escolar através de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, promover a cultura da paz, articular a participação e ações intersetoriais entre o SUS e as escolas públicas, contribuir para a construção de sistema de atenção social, cidadania e direitos humanos e enfrentar as vulnerabilidades.
Objetivos OBJETIVO GERAL: compreender as contribuições de Hannah Arendt para uma proposição didática adequada à promoção da saúde em comunidades escolares, sobretudo no que diz respeito às escolas públicas brasileiras. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) discutir como o enfraquecimento da concepção higienista na saúde escolar se relaciona à transformações do papel da escola pública; b) debater a concepção de promoção da saúde escolar como um legado positivo às comunidades das escolas públicas brasileiras.
Metodologia Trata-se de uma investigação teórica. No primeiro momento foi realizado um levantamento bibliográfico sobre as seguintes temáticas: as contribuições de Hannah Arendt para a educação, a promoção da saúde de comunidades escolares e Pedagogia. O material selecionado serviu de base à escrita. A partir das questões elencadas no ensaio A Crise na Educação, de Hannah Arendt, buscamos compreender, sobretudo quais seriam os efeitos de uma possível crise na educação ao adentrar o âmbito da saúde escolar e como a concepção de promoção da saúde poderia se apresentar como resposta adequada à esta crise.
Discussão e Resultados No Brasil, duas concepções de saúde escolar têm sido identificadas como predominantes: a higiene escolar e a promoção da saúde (Figueiredo et al., 2010). A primeira, em seu seu viés reacionário, endossou as desigualdades sociais e a dependência do modelo de saúde convencional. Já a promoção da saúde escolar se apresentou como ferramenta de transformação social para a autonomia do sujeito e o auto-cuidado. Nos últimos trinta anos houve um arrefecimento da concepção higienista em decorrência de severas mudanças no currículo formal e na cultura escolar – que constituem duas dimensões importantes à transmissão de qualquer legado pedagógico. A política curricular pós LDB n.º 9394/96 e as políticas públicas de promoção da educação e serviços em saúde escolar introduziram importantes transformações à organização do trabalho pedagógico. Os processos didáticos nos quais têm base constituem respostas às críticas que Hannah Arendt fez à escola moderna pois reassumem a ideia de autoridade pedagógica do educador no ato de ensinar e o responsabiliza pela preservação do mundo em que serão iniciados e acolhidos os jovens e a preservação dos jovens em relação ao mundo.
Conclusões/Considerações Finais Algumas situações podem ajudam a compreender o arrefecimento da concepção higienista: as mudanças curriculares realizadas a partir da concepção de promoção da saúde, as transformações vistas no campo da cultura escolar e a incapacidade da concepção higienista para responder as atuais questões de saúde da comunidade escolar. Esta última pode ser compreendida no contexto das discussões de Hannah Arendt sobre a crise na educação pois é possível identificar em vivências escolares a ausência do senso comum e do interesse público. Não gozando mais a saúde escolar da hegemonia da concepção higienista, o que temos é a emergência de interesses particulares em conflito. A concepção de promoção da saúde, por outro lado, busca a formação integral através de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, promover a cultura da paz, articular ações entre o SUS e as escolas públicas, fortalecer as políticas intersetoriais e a participação comunitária nas políticas de Educação Básica e Saúde.
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