10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 41 - Tecnologias Contraceptivas e Reprodutivas: Inovação e/ou Controle dos Corpos? |
11208 - PERSPECTIVAS DOS PROFISSIONAIS DE FARMÁCIA SOBRE A CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: UM DEBATE NECESSÁRIO ELAINE REIS BRANDÃO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/UFRJ, CRISTIANE DA SILVA CABRAL - FSP/USP, MIRIAM VENTURA - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/UFRJ, SABRINA PEREIRA PAIVA - FSS/UFJF, NAIRA VIDAL DE OLIVEIRA - FARMÁCIA UNIVERSITÁRIA/UFRJ, LUIZA LENA BASTOS - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/UFRJ, IOLANDA SZABO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/UFRJ
Apresentação/Introdução Destaca-se a importância do tema da sexualidade e da reprodução para as políticas públicas de assistência à saúde da mulher no Brasil, em especial, o acesso em tempo oportuno ao contraceptivo de emergência (CE), em casos de relações sexuais desprotegidas, tendo em vista a possibilidade de se evitar uma gravidez imprevista e o recurso ao aborto inseguro. Na literatura científica nacional sobre o tema da anticoncepção de emergência há uma lacuna sobre as circunstâncias da dispensação deste medicamento nas farmácias e drogarias privadas do país, locais muito procurados pelas mulheres para a compra deste contraceptivo, em razão das dificuldades de sua obtenção gratuita nos serviços públicos de saúde. Assim, considera-se imprescindível incluir os profissionais de farmácia neste debate, para ampliar a reflexão sobre as condições da oferta segura e ágil deste recurso em casos emergenciais.
Objetivos Conhecer as representações sociais e práticas dos profissionais de farmácia (farmacêuticos e balconistas) que atuam em drogarias privadas em relação à comercialização do medicamento (levonorgestrel) e à interação com as consumidoras no momento da compra do contraceptivo de emergência no balcão de atendimento ao público.
Metodologia Pesquisa socioantropológica realizada em 2012-2014, com coleta de dados junto a farmacêuticos através de questionário online disponível na Plataforma Datasus/Formsus, anônimo, divulgado em parceria com órgãos da categoria profissional – CRF-RJ, CRF-SP, CFF, ABF. Os módulos contemplados no instrumento foram: dados sociodemográficos; dinâmica de trabalho; opiniões sobre a “pílula do dia seguinte”/levonorgestrel; atendimento ao consumidor da “pílula do dia seguinte”; balanço do questionário. Obteve-se um total de 383 questionários preenchidos por farmacêuticos que voluntariamente atenderam à convocação da pesquisa, 74,5% do sexo feminino e 25,5% do masculino. Para coleta de dados junto aos balconistas, adotou-se entrevistas face a face mediante roteiro semi-estruturado, realizadas nas proximidades de seus locais de trabalho, conformando um conjunto de 20 entrevistados (12 homens, 8 mulheres) de estabelecimentos comerciais e áreas distintas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Discussão e Resultados Apesar da interação social que ocorre entre consumidoras e profissionais de farmácia no ato da compra do contraceptivo de emergência (levonorgestrel) ser breve, 78% dos farmacêuticos afirmam que costumam ser procurados para tirarem dúvidas a respeito do medicamento. No entanto, apenas ¾ se dizem preparados para saná-las. Há dúvidas quanto à pílula ser ou não abortiva, sobre seu mecanismo de funcionamento e principalmente sobre a “carga hormonal” que ela contém (90% a consideram uma “bomba hormonal”). Entre balconistas entrevistados, o medicamento é visto como uma “bomba hormonal” que pode causar danos aos órgãos genitais femininos e a outras partes do corpo. Destacam-se, sobretudo, noções relativas aos “riscos” advindos do uso “descontrolado” ou “indiscriminado” desse anticoncepcional, especialmente pelas jovens.
Conclusões/Considerações Finais Reconhecer o potencial educativo que os profissionais de farmácias podem ter junto à população, em especial sobre a contracepção de emergência, é central para melhorarmos a qualidade da orientação que as mulheres precisam receber no ato da compra para o uso seguro e em tempo oportuno do medicamento. Não se pode fechar os olhos ao contingente de usuárias que recorre cotidianamente às drogarias do país para a compra e uso do medicamento, em situações de emergência, sofrendo constrangimentos tal como enfrentam nos serviços públicos de saúde para o acesso ao contraceptivo. Torna-se fundamental discutir a posição estratégica de tais profissionais e sua necessária inclusão nesse debate, problematizando sua postura ética no atendimento às usuárias.
|