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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 41 - Tecnologias Contraceptivas e Reprodutivas: Inovação e/ou Controle dos Corpos?

11373 - GERAÇÕES PIONEIRAS: USO DE PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS NOS ANOS 1960 E 1970 E TRANSFORMAÇÕES NA GESTÃO DA FECUNDIDADE NO BRASIL
CRISTIANE VANESSA DA SILVA - IFF/FIOCRUZ, CLAUDIA BONAN - IFF/FIOCRUZ, IVIA MAKSUD - IFF/FIOCRUZ, TANIA MARIA DIAS - IFF/FIOCRUZ, ANDREZA NAKANO - IFF/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Temas como métodos contraceptivos, planejamento familiar, fecundidade e desenvolvimento, controle demográfico, saúde e direitos reprodutivos tem estado em pauta na academia e nos debates públicos há cerca de cinco décadas. De muitos ângulos esses assuntos já foram escrutinados, seja com finalidade de produção de conhecimento ou desenvolvimento de políticas públicas. Contudo, eles parecem ainda não esgotados. Neste estudo, trabalhamos com uma fonte que nos parece pouco explorada que são a memória de mulheres que fizeram parte das gerações pioneiras na utilização de pílulas anticoncepcionais, no Brasil.
Nelly Oudshoorn, Fabiola Rohden e Elisabeth Vieira discutem como os hormônios se destacaram como ferramentas das ciências para o controle do corpo das mulheres e para modelamento de seu sexo e gênero. Jean-François Sirinelli concebe a geração como a engrenagem do tempo, o marco inicial das vicissitudes humanas. Inspirados nessas sugestões teóricas, no estudo das memórias dessas mulheres pioneiras, articulamos gênero e geração para refletir sobre como incorporaram as tecnologias contraceptivas em seus cotidianos e vivenciaram o desenvolvimento de novas formas de gestão da fecundidade.



Objetivos
O objetivo geral é reconstituir histórias de utilização de pílulas anticoncepcionais, nos anos de 1960 e 1970. Especificamente, propomos: analisar efeitos da nova tecnologia contraceptiva sobre o cotidiano das mulheres; discutir o papel das pílulas anticoncepcionais nas transformações nas formas de gestão da fecundidade; compreender essas experiências, segundo pertencimentos socioculturais e gerações diferentes


Metodologia
Utiliza-se o método da história oral. As participantes são 49 mulheres residentes no Estado do Rio de Janeiro que utilizaram pílulas anticoncepcionais nos anos de 1960 e/ou 1970. A amostra de conveniência foi composta visando uma diversidade de situações no que respeita classes sociais, cor de pele e religião e tipo de utilizado para obtenção de pílulas anticoncepcionais. As participantes foram captadas pela técnica bola de neve.
Os dados foram coletados entre agosto de 2015 e maio de 2016, por meio de entrevistas com pauta temática, gravadas e transcritas, e submetidas à análise narrativa e temática. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa, CAAE 55290116.8.0000.5269.



Discussão e Resultados
As usuárias de pílulas nos anos 1960, buscaram ginecologias para informações e prescrição do método. Eram mulheres casadas ou que estavam para se casar. Os maridos tiveram participação importante na compra do medicamento. Efeitos colaterais e mudanças na libido e no corpo foram frequentes, mas o “medo de engravidar” e o desejo de uma prole reduzida prevaleceram, e buscaram combinar métodos hormonais e comportamentais, em cooperação com parceiros.
As mulheres que iniciaram o método em 1970, fizeram contracepção fora de um contexto matrimonial. Informações sobre pílulas eram obtidas com mulheres mais velhas e parceiros. A compra do produto ainda foi muitas vezes delegada ao parceiro. Entre as solteiras, o segredo em relação à família foi tônica, pelo tabu da virgindade. A busca do “preventivo” e não o uso da pílula - muitas vezes omitido – era o motivo de ir ao ginecologista. Efeitos colaterais menos severos foram relatados, mas “esquecimentos” eram frequentes, sendo resolvidos com “chás para descer as regras” e abortos em clínicas. Os temas destacados foram virgindade, vergonha, desejo, diálogo, segredos, efeitos colaterais, abortos, prazer e liberdade sexual.



Conclusões/Considerações Finais
Diferente da transição da fecundidade na Europa ocidental, iniciada no século XIX e relacionada a transformações sociais maiores, no Brasil, as tecnologias médicas contraceptivas parecem ter tido efeito abrupto na produção da norma da família pequena, a qual aderiram rapidamente as mulheres de diferentes grupos sociais. Em relação à pílula – método mais utilizado no Brasil - a praticidade, o sigilo e a eficácia facilitaram a rápida aceitabilidade e difusão. O modo como incorporam-se novas tecnologias contraceptivas – sem mudanças maiores nas desigualdades sociais e de gênero – imprimiu marcas no cotidiano das mulheres, cujos efeitos – muitas vezes, paradoxais - chegam aos dias atuais: o imperativo médico, moral e social da prole pequena; consolidação da desresponsabilização masculina nos assuntos da fecundidade; a automedicação de mulheres, que podem tanto representar “direito de decidir e escolher”, como falta de acesso equitativo a serviços de saúde e recursos médicos.


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