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11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 1 - Dilemas e Desafios de Pesquisas Etnográficas

10889 - POTENCIALIDADES E DESAFIOS DA ETNOGRAFIA APLICADA A PESQUISAS NA SAÚDE
JANAÍNA DE SOUZA AREDES - CPQRR - FIOCRUZ/MG, JOSÉLIA OLIVEIRA ARAÚJO FIRMO - CPQRR - FIOCRUZ/MG, KARLA CRISTINA GIACOMIN - NESPE/UFMG - CPQRR FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
A intercessão entre as ciências sociais e humanas com a saúde coletiva é profícua e desejável. Ancorada em diferentes teorias e modelos de estudo, a pesquisa qualitativa possibilita a compreensão da realidade ao explorar aspectos que sustentam as relações, os significados e os motivos que medeiam as atitudes dos sujeitos e participam da gênese das enfermidades.
Nesse sentido, o método etnográfico sobressai por sua abrangência e por permitir a utilização de variadas técnicas (entrevistas, observação participante, meios documentais e visuais, entre outros) na coleta dos dados empíricos e a análise incorpora novos elementos observados e ou obtidos no campo.
Porém, embora a etnografia possibilite a descrição e a análise do contexto ambiental total, a mudança de foco da tradicional tarefa de estudar as sociedades “primitivas” para a análise cultural da sociedade de pertença introduz novas questões metodológicas centrais, inclusive a reflexão sobre o objeto, o contexto e os próprios instrumentos da pesquisa antropológica aplicadas na pesquisa médica. Isso exige maiores discussões e análises do método.



Objetivos
Interessa-nos apresentar e discutir o método etnográfico. Para tanto, o trabalho está orientado para as etapas que compõe essa metodologia, explorando sua densidade teórica, sua potencialidade e também as suas limitações. Cabe mencionar as especificidades e as regras ao se fazer uma etnografia, evitando assim sua apropriação superficial e inadequada, sobretudo em pesquisas na área da saúde.


Metodologia
A etnografia é o método de investigação característico da Antropologia. Buscando ultrapassar a chamada “antropologia de gabinete”, esse método considera que para compreender o que é ciência o pesquisador não deve focar nas teorias ou descobertas científicas, mas observar in loco como os praticantes da ciência agem.
Encontros e desencontros podem ocorrer ao longo da experiência etnográfica, sendo importante determinar as especificidades e as universalidades do grupo social investigado; como a doença é construída e experimentada; como o tratamento é selecionado e organizado, para depois retornar ao cenário inicial e analisar como esses elementos afetam e como são influenciados pelo modelo cultural de saúde, em cada contexto.
Assume-se como contexto (segundo Roy Wagner) um ambiente de significado no qual elementos simbólicos se interrelacionam e integram uma parte da experiência vivida, uma parte construída e outra formada pelo ato de relacioná-las.



Discussão e Resultados
Embora construído conjuntamente à coleta de dados, o “fazer etnográfico” se dá em momentos não necessariamente coetâneos: o contato, a imersão e o relato denso sobre isso. É o chamado “estar lá” e o “estar aqui”, definido por Clifford Geertz.
No “estar lá” ocorre contato com o interlocutor, mapeamento de espaços físicos, observação, entrevistas e outros instrumentos de mediação, compondo dados ordinários (o que é esperado) e extraordinários (os “imponderáveis da vida real” - Malinowski), inclusive conflitos, emoções e barreiras éticas, limitantes da “autoridade etnográfica”.
No “estar aqui” trata-se de uma escrita sobre o “encontro ou choque” entre mundos distintos, mediado por afetos, que resulta em uma relação de sentido entre o discurso de quem observa e quem é observado, como proposto por Eduardo Viveiros de Castro. Assim, haverá um confronto permanente do pesquisador com seu arcabouço teórico e um contínuo exercício de autorreflexão e crítica.
Nessa dialética entre experiência e interpretação - Clifford Geertz - a etnografia revela e busca compreender contradições e convergências entre a prática, o discurso e os não-ditos inerentes à complexidade de uma realidade social.



Conclusões/Considerações Finais
Na etnografia o saber teórico vai sendo construído conjuntamente à coleta dos dados, que podem ser obtidos em várias etapas de investigação. Apesar da sua riqueza e talvez por sua especificidade, esse método ainda precisa ser mais explorado e discutido pela Saúde Coletiva.
O fazer etnográfico traz implícitos (ou explícitos) dilemas e limites inerentes à tensão entre empiria e teoria que envolve: autoridade e ética ao se falar sobre o “outro”; conflitos e emoções experienciados pelo pesquisador em campo e; sobretudo, a consciência de que todo conhecimento antropológico tem uma implicação política e social. O que se coloca em questão é: como fazer da escrita uma versão mais próxima do real vivido em campo?
Uma “experiência etnográfica” na Saúde requer um texto que fale do afetar mútuo de duas culturas, no qual pesquisador e interlocutor contribuem com a matéria-prima dos sentidos, dos valores e das crenças, inerentes ao encontro alteritário.


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