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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 3 - As Injustiças nos Ambientes Familiares e de Formação

10914 - VIOLÊNCIA CONTRA PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS/SP
BIANCA STELLA RODRIGUES - UNICAMP, PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO - UNICAMP, EDMUNDO GRABALLOS JR - UNICAMP, NELSON FILICE DE BARROS - UNICAMP


Apresentação/Introdução
A Organização Mundial da Saúde define a violência como “uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação” (OMS, 1996). A violência afeta os diferentes grupos profissionais em diversas configurações de trabalho no setor de saúde, sendo o bullying e o assédio sexual os mais comuns desse problema epidêmico no mundo (Nelson, 2014). Existe um número reduzido de investigações sobre a violência contra profissionais de saúde na Atenção Primária em Saúde (APS) do Brasil.



Objetivos
Analisar a ocorrência de violência contra profissionais de saúde na Atenção Primária de Saúde dos 20 municípios da Região Metropolitana de Campinas.


Metodologia
Este estudo é parte do projeto “As Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares nos Serviços de Atenção Primária em Saúde na Região Metropolitana de Campinas/SP”, que teve início em 2013. A coleta de dados foi realizada por via telefônica, com os gestores dos serviços da APS da Região Metropolitana de Campinas, com um instrumento semiestruturado. Foram realizadas 285 entrevistas, das quais 49 foram excluídas por: não ser Unidade Básica de Saúde (n = 22), recusa (n = 12), perda (n = 11) e estar fora de funcionamento (n = 4). Foram identificadas as características sociodemográficas dos entrevistados (sexo, idade, cor da pele, estado civil, escolaridade, religião e profissão) e características do vínculo com o Sistema Único de Saúde. Do total de 236 Unidades Básicas de Saúde consideradas no estudo, 234 (99,1%) apresentaram informação sobre violência contra os profissionais de saúde.



Discussão e Resultados
Os entrevistados foram predominantemente os coordenadores das unidades (87,0%), dos quais 89,7% eram do sexo feminino. Os maiores níveis de escolaridade foram especialização e superior completo (47,9% e 40,2% dos entrevistados, respectivamente). A profissão mais frequente foi Enfermagem (70,4%), seguida por Odontologia (9,6%) e Medicina (8,7%). A referência sobre violência nos 24 meses prévios à pesquisa foi verificada em 165 UBS (70,5%). A ocorrência de violência psicológica e de violência física foi observada em 79,6% e 16,0% das Unidades, respectivamente. Quanto à violência psicológica, o abuso verbal e ameaças (75,1% e 47,8% dos casos) foram os tipos mais frequentemente cometidos por pacientes, acompanhantes e familiares. No entanto, 15,9% dos casos a violência psicológica foi praticada por membro da equipe de trabalho. No que se refere à profissão, a distribuição do total de casos de violência relatados segundo profissões revelou que recepcionistas, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem foram os profissionais que mais sofreram violência em ordem de importância. Essas categorias de trabalhadores de saúde responderam por 78% dos casos de violência relatados.




Conclusões/Considerações Finais
Somente na década de 1980 a violência, crescente em todos os setores da sociedade brasileira naquele momento, entra na agenda do campo da saúde no Brasil (Minayo, 1999). Possivelmente, a violência na APS no SUS em geral e na RMC especificamente está associada a uma acumulação de stress e tensão, próprias das ocupações da saúde, mais o peso dos problemas sociais e das carências dos sistemas de saúde, como: déficit de trabalhadores e recursos materiais para exercer as atividades necessárias, sobrecarga de trabalho resultando na falta de acolhimento adequado ao paciente e baixa resolubilidade aos seus problemas. Embora, a maior parte dos atos violentos seja cometida pelos usuários do SUS contra os profissionais, como os dados demonstraram, observou-se importante índice de violência causada por membros da própria equipe permitindo inferir que parte das agressões realizadas são réplicas a desrespeitos recebidos.


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