12/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 6 - Formação em Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares |
11087 - CURSOS DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES PARA QUALIFICAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NO SUS: UMA VISÃO DA FACILITAÇÃO MARIA ENEIDA DE ALMEIDA - UFFS, FERNANDA FERREIRA MARCOLINO - SGTES/MS, THIAGO PETRA - DAB/MS
Período de Realização da experiência Experiência de Facilitação desenvolvida entre dez/2014 e mai/2016 na Comunidade de Práticas (CdP).
Objeto da experiência Os cursos relacionados à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) da Coordenação Geral de Áreas Técnicas do Departamento de Atenção Básica, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (CGAT/DAB/SAS/MS) promovem qualificação multiprofissional para o SUS a partir de uma transformação paradigmática na área da saúde e da educação, que visa à transformação do modelo de atenção à saúde. São cinco Cursos Introdutórios de Práticas Integrativas e Complementares (PICs): Gestão de PICs; Uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos para ACS; Medicina Tradicional Chinesa (MTC); Práticas Corporais e Mentais de MTC e Antroposofia aplicada à Saúde.
Objetivo(s) O ambiente virtual de aprendizagem da CdP se baseia na Educação Permanente em Saúde (EPS), com a dinâmica central de uma proposta que inovou os tradicionais cursos EaD em cursos coinstrucionais, pautados em aprendizagem colaborativa, fomentada pela presença do facilitador, os quais são convergentes ao movimento de transformação paradigmática, dando voz aos profissionais de saúde que reconhecem e valorizam outras racionalidades médicas. Esse estudo tem o objetivo de relatar impressões dos educandos que realizaram os cursos, sobre o aspecto multiprofissional, sob a visão da facilitação.
Metodologia O processo de aprendizagem colaborativa dos cursos se baseia em interações que são diálogos abertos em espaços que permeiam o ambiente virtual dos cursos, próprios para o aprofundamento de temas que mobilizam os educandos. O movimento intrínseco dos comentários gera um fluxo de interações no ambiente coletivo que se encadeiam e refletem rodas de conversa virtuais e potentes.
A análise e avaliação permanente dessa metodologia foram efetuadas pela coordenação de facilitação e se pautam em metodologia qualitativa, para a consolidação da atuação dos facilitadores, com objetivo central de potencializar a coinstrução e o protagonismo da rede de colaboração. A busca de comentários relevantes foi feita nas páginas dos cursos, sendo selecionados e transcritos em planilhas. Para a análise foram selecionados alguns comentários que mais refletem o momento de construção que vivenciamos no SUS em relação à consolidação da PNPIC.
Resultados Destaque para o comentário de uma participante que sintetiza os pontos positivos:
“… a disponibilidade do horário onde cada participante tem o controle de seu tempo, os materiais disponíveis para download, ... a interação e o envolvimento do grupo em compartilhar seus conhecimentos, suas dificuldades e suas realizações bem como dicas valiosas de uma rotina de serviço.”
E também críticas no aspecto multiprofissional dos demais educandos:
“... a luta pela manutenção do seu caráter Multiprofissional, depende de cada um de nós, bem como do ministério continuar assegurando esse caráter multidisciplinar.”
“Mudar um modelo centrado no profissional médico, baseado na dualidade queixa-conduta para um modelo integralista, que avalie todas as dimensões da vida do ser humano, requer muitos esforços.”
“… a divulgação de vídeos que não aborde de maneira ampla outros profissionais que também realizam a acupuntura no SUS, só vem a contribuir para a permanência deste mal entendido na opinião pública.”
Análise Crítica As avaliações dos educandos são, em geral, estimulantes para continuidade dos cursos, e emerge com relevância em todos os cursos a constituição de equipes multiprofissionais para contribuir na mudança de atenção à saúde no SUS.
Os profissionais de saúde que já atuam de alguma forma com as PICs valorizam o fato de o Ministério da Saúde consolidar a PNPIC em seu caráter multiprofissional, visto a existência do campo de disputa entre categorias profissionais. Porém, a luta pela manutenção do caráter multiprofissional da acupuntura depende da consciência dos momentos políticos. Nesse sentido, sobressai a importância de se assegurar essa prática multiprofissional, bem como a presença em currículos de formação superior de cursos que já tem habilitação para tal.
Em algumas páginas do curso de MTC profissionais não médicos se sentiram lesados e demonstraram insatisfação, refletindo que a ênfase na questão multiprofissional não aceita inconsistências.
Conclusões e/ou Recomendações Esses cursos são parte de uma transformação paradigmática e têm o mérito qualificar profissionais que participam desse movimento em seus locais de trabalho com interação democrática e fortalecem o SUS no reconhecimento e valorização de outras racionalidades médicas, visando à mudança de modelo de atenção à saúde da população do nosso País. Na visão da facilitadora, críticas são positivas e criam meios para dirimir quaisquer inconsistências do processo. Nesse sentido, um esforço de revisão no aspecto multiprofissional nos cursos da PNPIC parece ser pertinente e fundamental.
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