12/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 6 - Formação em Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares |
11877 - AVALIAÇÃO FACIAL NA MEDICINA CHINESA
MARTA ROCHA DE CASTRO - UFRJ, MARIA CECÍLIA DE MELLO E SOUZA - UFRJ
Apresentação/Introdução
A Medicina Tradicional Chinesa parte de uma visão de integralidade do indivíduo, oferecendo a possibilidade de prevenção da doença e promoção da saúde de forma mais ampla e eficaz que a biomedicina, pois permite observar os desequilíbrios antes de surgirem sintomas através das suas diferentes formas de avaliação e diagnóstico. Uma das técnicas de diagnósticos da MTC é a avaliação facial, nosso objeto de estudo. Como os desequilíbrios no organismo se manifestam na face, a técnica pode permitir sua prevenção. Apesar disso, esta técnica vem sendo pouco utilizada na MTC, com pesquisas escassas. Foi realizada uma pesquisa exploratória, qualitativa, com método de estudo de casos, em uma clínica-escola de acupuntura localizada no Rio de Janeiro, Brasil. Foram avaliados cinco pacientes em tratamento nesta clínica: realizamos avaliações faciais, entrevistas semiestruturadas em profundidade, após as quais tivemos acesso aos prontuários de avaliação dos participantes, efetuando-se a triangulação dos dados com objetivo de examinar o potencial da técnica da avaliação facial na MTC.
Objetivos
Os objetivos da pesquisa foram: (1) analisar como a avaliação facial na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) pode revelar o estado emocional e o funcionamento dos órgãos internos do paciente; (2) comparar a inspeção facial com as demais formas de diagnose utilizadas na MTC; (3) examinar o potencial da técnica de avaliação facial como ferramenta de diagnóstico, tendo em vista o fácil acesso da leitura facial: uma das mais antigas técnicas de diagnóstico oriental.
Metodologia
Trata- se de um estudo exploratório, realizado através do método qualitativo que possibilitou avaliar de forma complexa e subjetiva as alterações e desequilíbrios apresentados na face de cada pesquisado. O estudo de caso de cada participante permitiu investigar a avaliação facial de forma detalhada e articulada com a anamnese, alertando para os desafios da técnica e proporcionando uma visão geral do objeto pesquisado. As técnicas de coletas de dados utilizadas na pesquisa foram: 1-Observação da face, 2-entrevistas semiestruturadas em profundidade, 3-análise documental das avaliações realizadas pelo profissional responsável pelos pesquisados da instituição e 4-triangulação de métodos de diagnósticos. Foi utilizado também o recurso da fotografia da face, permitindo uma avaliação detalhada dos sinais apresentados por ela. A escolha pela sequência das técnicas permitiu que não houvesse contaminação e influências em relação à coleta dos dados das etapas posteriores.
Discussão e Resultados
Analisamos os casos de cinco pacientes em tratamento na clínica-escola pesquisada. Em quatro participantes as avaliações faciais confirmam os dados da entrevista e do prontuário. A avaliação facial de um participante não confirma os dados da avaliação facial com o prontuário, mas considerando as leis que regem os cinco elementos na sua avaliação facial em conjunto com o exame do pulso, língua e sua entrevista, foi possível refletir sobre os desequilíbrios apresentados por ele. A análise facial é uma das mais antigas formas de se avaliar a saúde utilizada pela MTC. Seu primeiro registro escrito consta no clássico livro “O tratado da Medicina Interna do Imperador Amarelo”. Algumas síndromes se manifestam rapidamente na face, mudando a coloração do rosto e gerando o aparecimento de marcas expressivas. As alterações observadas na face nos permitem uma intervenção preventiva, como por exemplo, mudanças nos hábitos impedindo o aparecimento de doenças e sintomas, podendo contribuir para autonomia das pessoas em relação ao seu corpo e saúde, contribuindo para um paradigma preventivo e que fortaleça a autonomia e minimize a apropriação do corpo, da saúde e a medicalização.
Conclusões/Considerações Finais
O objetivo principal deste estudo foi analisar como a avaliação facial na MTC pode revelar o estado emocional e o funcionamento dos órgãos internos do paciente. Após a análise de dados e resultados da pesquisa, concluímos que a análise facial pode ser uma ferramenta de avaliação, ao serem integrados os critérios de análise como cor da face, marcas expressivas e o olhar. Em relação ao diagnóstico oriental, devido à complexidade desta medicina, concluímos que é necessário a união das demais formas de diagnose da Medicina Tradicional Chinesa, como a avaliação da língua, do pulso e anamnese para assegurar maior precisão. A análise facial torna-se então uma aliada para um diagnóstico oriental.
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