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11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 8 - Representações Sociais, Experiências e Estigma

11405 - EXPERIÊNCIAS COM A FISSURA LABIOPALATAL E OS PROCESSOS DE ESTIGMATIZAÇÃO
LAIANA BEHY SANTOS - UFBA, MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - UFBA, MONIQUE AZEVEDO ESPERIDIÃO - UFBA


Apresentação/Introdução
Entre as alterações congênitas da boca, destacam-se a fissura labiopalatal. Esse tipo de malformação é uma das mais estudadas razão de sua complexidade e ocorrência mundial. As malformações orais constituem uma categoria importante de alterações congênitas porque interferem no desenvolvimento psicológico, fisiológico e na adaptação social da maioria das pessoas com essas alterações. A mesma provoca danos físicos que se refletem no sistema respiratório, auditivo, digestivo, dentição e na articulação da fala, além de um forte impacto psicológico trazido pelo preconceito. Estas podem se tornar barreiras para inserção social das pessoas com fissura labiopalatal e para o desenvolvimento de suas habilidades individuais, seja na escola, no trabalho ou na comunidade, principalmente por conta do preconceito. Dessa forma, o presente estudo trará dimensões importantes que foram pouco estudadas e exploradas pelos autores, que é trazer no concreto as possíveis situações de estigma vivenciadas pelos fissurados e os modos que eles enfrentam estas situações.


Objetivos
O objetivo geral do estudo é compreender como as pessoas com fissura labiopalatal experienciam a alteração congênita e os possíveis processos de estigmatização envolvidos. Objetivos Específicos: Compreender como os fissurados experienciam a fissura labiopalatal, através dos significados atribuídos ao corpo e dificuldades enfrentadas; Identificar as possíveis situações de estigma vivenciadas pelos fissurados, nos diferentes contextos de interação; Perceber como os fissurados enfrentam as possíveis situações de estigma vivenciadas.


Metodologia
Estudo de natureza qualitativa, com realização de dez entrevistadas narrativas de pacientes adultos com fissura labiopalatal. Abordagem teórica, levando em consideração os estudos de Alves (1993) sobre experiência de enfermidade - formas que os indivíduos e grupos sociais respondem a situação de doença e de Goffman (1988), que conceitua o estigma, como atributo extremamente depreciativo, que se articula a um contexto de relações, e não apenas considerado como uma imposição social. Para análise de dados, foi construída uma matriz de análise com categorias e subcategorias: Experiências com a Fissura Labiopalatal – dificuldades enfrentadas e significados atribuídos ao corpo e Processos de Estigmatização - Vivências de estigma e o enfrentamento das situações estigmatizantes. Foi utilizado um modelo de análise construído por Labov.


Discussão e Resultados
A maioria dos entrevistados trouxe o preconceito, como uma das maiores dificuldades a ser enfrentada, com dificuldades no período de escolarização e de inserção no mercado de trabalho. Alguns abandonaram a escola, e não conseguiram se inserir no mercado de trabalho de forma desejada. A não aceitação da aparência física esteve presente nos discursos dos fissurados, que se materializa nas próprias relações construídas em sociedade. O estigma vivenciado pelos fissurados trouxe repercussões negativas para a vida dos fissurados, principalmente no que se refere às interações sociais. O medo de ficarem sozinhos, a busca de parceiros não por amor e dificuldades de se relacionar com as pessoas foram muito frequentes nas narrativas. O enfrentamento das situações de estigma pelos fissurados, se deu de forma passiva no período da infância e adolescência, com aceitação do estigma vivenciado, apresentando o isolamento/esquiva, como melhor estratégia de lidar com a situação vivenciada. O enfrentamento mais positivo do estigma foi observado na fase adulta, com mudanças de comportamentos, com discursos de que aprenderam com o sofrimento, e que precisavam recuperar o tempo perdido.


Conclusões/Considerações Finais
Não queremos com essa pesquisa trazer realidades únicas, mas mostrar um pouco das vivências de estigma das pessoas com fissura labiopalatal. Estas vivências se relacionam com o contexto, características individuais e impostas pela própria alteração congênita em estudo. Com este trabalho poderemos contribuir com o debate em torno dos processos de estigmatização em saúde, para além da visão dos grupos majoritários, já que o estigmatizado foi colocado em cena, como elemento importante nesta discussão. Neste estudo, o estigma foi focalizado dentro da perspectiva de quem o recebe e das conseqüências que a experiência de estigma origina para os fissurados.


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