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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 8 - Representações Sociais, Experiências e Estigma |
11854 - JOVENS MULHERES DEPENDENTES DE COCAÍNA E DERIVADOS: TRAJETÓRIA E REPERCUSSÕES SOCIAIS E FAMILIARES KATHYUSSA SCHUCH MONTAGNER - UNIC, VANJA JUGURTHA BONNA - UNIC, HELENA GAETA BENDER - UNIC
Apresentação/Introdução O consumo de drogas é considerado um problema social e de saúde pública de ordem mundial. Os impactos sociais e de saúde causados por este problema apresentam-se distintos para cada sociedade a depender, das representações e significados atribuídos ao uso de drogas para usuários bem como para determinados grupos. Neste estudo, propõe-se relatar o uso e efeito psicossocial da cocaína e seus derivados, nas mulheres do Bairro Novo Paraiso II de Cuiabá, através de um questionário semi-estruturado, baseado na história pessoal pregressa e atual do envolvimento com a droga.
Sabe-se que até recentemente, o uso dessas substâncias era considerado um problema do mundo masculino; sendo que a implantação de intervenções para usuários de drogas estão baseados em necessidades masculinas, com pouca consideração às usuárias. As pesquisas, sobre o consumo de drogas por mulheres, em sua maioria, estão centradas no álcool e tabaco; porém atualmente há um aumento significativo das mulheres em pesquisas sobre o uso de substâncias psicoativas, o que gera um comportamento desviante, pois a mulher que adota tal conduta está diante da possibilidade de não cumprir os papéis socioculturais a elas destinados.
Objetivos Conhecer os fatores que levam as mulheres a se iniciarem no consumo de cocaína e derivados, as implicações que a dependência química acarreta na vida delas tanto social, como familiar e no mercado de trabalho. Assim como as dificuldades que as mesmas encontram para o tratamento e reabilitação.
Metodologia Foi realizada uma pesquisa qualitativa, exploratória, no bairro Novo Paraíso II, localizado na região norte da cidade de Cuiabá com cerca de 5.000 habitantes, realizada no mês de fevereiro de 2016, com seis mulheres adictas, frequentadoras a alguns anos, da Unidade de Saúde, que aceitaram participar da mesma. Para isso foi realizado um questionário semi-estruturado, com 16 perguntas contendo aspectos sociais e afetivos do envolvimento das entrevistadas com a droga, no caso especificamente a Cocaína e seus derivados, entre elas, idade atual, quando começou a usar cocaína, motivos que a levaram a isso, implicações no trabalho e na família, entre outros. A entrevista foi realizada algumas vezes na Unidade e outras no domicílio da própria entrevistada.
Discussão e Resultados A cocaína pode chegar até o consumidor sob as formas de pasta base, pó e crack. Segundo os dados colhidos, a totalidade – 100% – das adictas usam ou já usaram pasta base ao menos uma vez; cerca de 67% já usaram o pó e 33% usaram crack. Cerca de 83% iniciaram o uso da cocaína antes da maioridade e apenas 17% iniciaram o uso com 19-20 anos.
Foi observado que tanto a curiosidade, a influência de terceiros e a desestrutura familiar, foram fatores igualmente presentes na motivação do uso de drogas. E, como principal fator positivo para o impedimento, seria a existência de uma boa estrutura familiar.
Para a obtenção da droga, existem vários meios de renda muitas vezes ilegais. Algumas das entrevistadas referiram ao mesmo tempo, trabalhar, vender utensílios da própria casa e sendo a prostituição a forma mais evidente com 50% do total das usuárias.
Entre todas as adictas entrevistadas, haviam no total 24 filhos, sendo 20 atualmente vivos e somente 10 estão sob os cuidados destas. E quando perguntado sobre algum tipo de ajuda que necessitariam para cessar o uso das drogas, foram citados como fatores; religião e nascimento de filho, medicamentos, trabalho fixo e até mesmo, nenhuma ajuda.
Conclusões/Considerações Finais Através deste projeto constatou-se que a dependência química é evidente em bairros periféricos e que as usuárias destes locais são muito estigmatizadas, pois a maioria destas não realizam seus devidos papéis na sociedade e no âmbito familiar. Conclui-se ainda que mais de oitenta porcento das adictas entrevistadas, iniciaram o uso da cocaína e derivados antes da maioridade penal e os principais fatores desencadeantes para o uso da droga foram devido a desestrutura familiar, curiosidade e a influência de terceiros.
Nota-se que para evitar o envolvimento precoce dessas mulheres com as drogas, seria necessário mais orientação quanto à gravidade e efeitos colaterais destas. Uma adequada estrutura familiar, com a presença e apoio dos familiares, educação e segurança em seu próprio lar. E ainda, seria de grande importância, a implantação de atividades culturais e esportivas no respectivo bairro.
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