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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 17 - Cronicidade, Experiência de Enfermidade e Itinerários Terapêuticos |
11081 - O ITINERÁRIO TERAPÊUTICO NA PERSPECTIVA DA CONCEPÇÃO POSITIVA DE SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA E METASSÍNTESE ELVIRA RODRIGUES DE SANTANA - UFBA, FRAN DEMÉTRIO - UFRB, MARCOS PEREIRA SANTOS - UFOB
Apresentação/Introdução A cultura de produção da saúde caracterizada pela medicalização tem reduzido a condição do sujeito ao nível biológico individual, desconsiderando a sua dimensão subjetiva, humana, política, histórica, cultural e social. Nesse contexto, há uma necessidade de superar o paradigma biomédico hegemônico na perspectiva da construção de outras racionalidades em saúde. O conceito de Itinerário Terapêutico (IT) oferece elementos teóricos capazes de fazer dialogar melhor a clínica médica e a biografia dos indivíduos, com vistas a atos de saúde interpretativos e compreensivos que levem em conta estes e outros aspectos da história pessoal, social e do adoecimento. Além disso, os estudos sobre Itinerários Terapêuticos e de cuidados podem avançar na medida em que abordam os sistemas de cuidados pelo prisma da concepção positiva de saúde, uma vez que passam a considerar como elementos primordiais de estudo tanto a experiência de enfermidade como a de saúde, significadas em acordo aos distintos contextos socioculturais de vida, na avaliação, planejamento, organização e gestão efetivos de serviços assistenciais de saúde.
Objetivos Caracterizar a produção científica nacional referente ao tema “Itinerários Terapêuticos”, descrevendo-a e analisando-a à luz da concepção positiva de saúde.
Metodologia Trata-se de uma revisão sistemática e metassíntese da literatura. A busca dos estudos foi realizada entre março e abril de 2015, na Biblioteca Virtual em Saúde. Delimitou-se o período de publicação dos estudos entre 2008 a 2014 – últimos 7 anos. Esse recorte temporal levou em consideração o fato de ter sido identificado na literatura específica um artigo de revisão sobre a temática, período de 1989 a 2008. Foram incluídos artigos originais publicados entre Janeiro de 2008 a Dezembro de 2014; estudos realizados no Brasil cuja temática central fosse itinerários terapêuticos. Ao fim da revisão, os artigos divergentes foram selecionados por consenso entre os revisores. Na ausência do consenso, um terceiro revisor avaliou a pertinência da elegibilidade do estudo. Do total de 208 artigos encontrados, 30 foram selecionados para compor esta revisão.
Discussão e Resultados A publicação de estudos sobre IT, independente da concepção de saúde que orientou as pesquisas, apresentou tendência crescente entre o período de 2008 a 2013, com maior volume de estudos no ano de 2014.O principal núcleo de interesse na abordagem teórica sobre Itinerários Terapêuticos dos estudos selecionados para essa revisão consideraram apenas a doença/problema como disparador para do cuidado (26), com exceção de quatro (4) estudos, que buscaram conhecer os Itinerários Terapêuticos a partir de práticas cotidianas de cuidado a saúde, independente do acometimento de alguma doença. As doenças crônicas como: diabetes melittus, HIV-AIDS, câncer, hipertensão arterial foram os principais objetos dos estudos, por serem doenças de longo período de tratamento e convivência com a enfermidade, e permitem que o itinerário seja delineado em uma diversidade de sistemas de cura e significações. A maioria dos estudos, com exceção de seis, teve como foco experiência do sujeito, problematizando aspectos que atravessam a busca por tratamento, como questões culturais e sociais, de gênero, a qualidade dos atendimentos, a organização dos serviços de saúde e terapias religiosas dentre outros.
Conclusões/Considerações Finais A maioria dos estudos limitou-se a analisar as escolhas terapêuticas a partir do sistema de saúde formal, em que a saúde dos individuo/grupo/coletividade manifesta-se mediante ao acesso a serviços biomédicos. Assim, a concepção negativa de saúde e itinerário terapêutico é caracterizada pela ênfase na doença/enfermidade e na escolha de tratamentos para a sua cura. Por outro lado, alguns estudos se apoiaram em uma visão positiva de saúde ao analisarem os IT sob um viés que ultrapassa a pluralidade de ofertas de cura, considerando fenômenos macro e microssociais e a influência das desigualdades sociais nos IT. Sinalizam ainda a necessidade de (re)pensar a saúde para além da ausência de enfermidade e por uma perspectiva promotora de saúde. Essa abordagem é recente em estudos sobre IT e busca abranger diversas dimensões ao conceito de saúde que é determinada por fenômenos macro e microssociais entrelaçados a fatores biopsicossociais, socioeconômicos, ambientais e socioculturais.
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