Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 21 - Redes Sociais na Saúde: Perspectivas

11387 - REDES SOCIAIS E PACIENTE INFORMADO: NOTAS DE UM ESTUDO EXPLORATÓRIO ETNOGRÁFICO EM COMUNIDADES VIRTUAIS DE DOENTES CRÔNICOS
ANDRÉ PEREIRA NETO - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, LETICIA BARBOSA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, ADRIANO DA SILVA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, MÔNICA LUCIA GOMES DANTAS - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ


Apresentação/Introdução
A Internet é uma das principais tecnologias de comunicação e informação na atualidade. Nela podemos obter e compartilhar informações. A saúde se configura como uma das áreas onde há uma vasta quantidade de informação disponível a um crescente número de interessados. A praticidade, variedade e rapidez proporcionada pela Internet contribuíram para que o hábito de procurar e compartilhar informações sobre saúde on-line se tornasse cada vez mais comum. Pesquisadores e profissionais de saúde têm se dedicado, nos últimos anos, ao debate sobre as reconfigurações e transformações que a busca de informações sobre saúde na Internet engendrou na prática médica, no cuidado em saúde e na relação médico-paciente. Este fenômeno social tem sido associado à constituição do “paciente informado”, isto é, o indivíduo que, ao realizar uma busca extensiva sobre sua condição de saúde, principalmente por meio da Internet, torna-se um especialista nela. Ele muitas vezes é aquele capaz de manejar sua doença, desenvolvendo conhecimentos e competências relevantes que o auxiliam a lidar com os diferentes aspectos que envolvem o tratamento que está submetido.


Objetivos
Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesquisa que analisa a seguinte questão: o fenômeno do ‘paciente informado’ promove o empoderamento ou amplia a dominação dos saberes biomédicos instituídos? Esta questão é discutida a partir da investigação de grupos on-line, organizados pelo ‘Facebook’, que reúnem portadores de diabetes, hepatite C e AIDS. Buscou-se identificar quais informações são produzidas e compartilhadas no grupo e analisar que papel elas ocupam no processo de constituição do paciente informado e na relação que os participantes estabelecem com o profissional médico.


Metodologia
Trata-se de um “estudo exploratório” que utilizou a “etnografia virtual”. Um estudo exploratório visa estabelecer um primeiro contato com um determinado comportamento humano no contexto social onde ele ocorre. Neste caso, este estudo busca conhecer melhor um aspecto do comportamento de portadores de diabetes, hepatite C e AIDS nas redes virtuais. Ele pode utilizar diferentes técnicas. Nesta pesquisa, foi utilizada a técnica da etnografia virtual, que possibilita explorar novos arranjos de espaço e sociabilidade proporcionados pelas TICs. Ela também facilita a compreensão da cultura e do cotidianode indivíduos envolvidos na comunicação mediada por computador. O estudo etnográfico foi conduzido entre 8 e 18 de julho de 2014. Realizou-se uma pesquisa através do mecanismo de busca do ‘Facebook’, e foram selecionados três grupos: ‘V.I.D.A. Diabetes’, ‘Juntos, aprendendo sobre HIV/ AIDS’ e ‘Hepatite C sem Censura’.


Discussão e Resultados
As informações que circulam no grupo abordam, em geral, o tratamento e prevenção da doença. Situações pessoais e mensagens motivacionais são frequentemente compartilhadas, sendo tipos de posts que mais engajam usuários. Nesse contexto, é possível que a comunidade virtual funcione como uma importante fonte de apoio psicológico entre doentes crônicos. Os depoimentos postados nos grupos sugerem que o ambiente virtual de compartilhamento de informações e experiências com a doença contribuem para o empoderamento individual e coletivo. Notou-se que os participantes dos grupos, inteirados dos cuidados que devem tomar para o controle de sua doença, podem estar mais atentos às especificidades de seu quadro clínico e, portanto, mais cientes do que o profissional de saúde acerca do tratamento mais adequado. Nesse contexto, eles podem ser considerados como pacientes informados. É possível que estes ambientes configurem condições para os usuários apresentarem e discutirem alternativas terapêuticas diferentes daquelas oferecidas pelo médico. Porém, tais alternativas reiteram o saber biomédico instituído. Em nenhum momento é sugerido substituir o médico pelas informações obtidas no grupo.


Conclusões/Considerações Finais
O estudo exploratório nas três comunidades virtuais sugere que o ‘paciente informado’ recorre ao conhecimento médico-científico, sendo este sua fonte de informação prioritária. Desse modo, este tipo de paciente não é alguém que necessariamente contesta o saber médico, mas que o reitera. É possível observar, a partir dos três casos analisados, que a informação circulada nos grupos contribui para o empoderamento – processo frequentemente associado ao fenômeno do ‘paciente informado’. O estudo sugere a existência de polêmicas nos grupos on-line sobre as condutas e os medicamentos prescritos pelos médicos. As informações que os usuários das comunidades adquirem a partir de buscas na Internet e de sua própria experiência podem entrar em conflito com as prescrições feitas pelo médico. Embora seja possível observar tensões pontuais entre o ‘paciente informado’ e o profissional de saúde, os saberes médicos parecem não ter perdido sua legitimidade no cuidado em saúde.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação