10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 23 - Educação em Saúde- Diferentes Estratégias para Trocas e Produção de Saberes e Conhecimentos |
12079 - A COORDENAÇÃO DO CUIDADO DAS EQUIPES PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA. MIRIAM FRANCISCO DE SOUZA - UFMG, ALANEIR DE FÁTIMA DOS SANTOS - UFMG, ILKA AFONSO REIS - UFMG, MARCOS ANTÔNIO DA CUNHA SANTOS - UFMG, ALZIRA DE OLIVEIRA JORGE - UFMG, ANTÔNIO THOMAZ GONZAGA DA MATTA MACHADO - UFMG, ELI IOLA GURGEL ANDRADE - UFMG, MARIÂNGELA LEAL CHERCHIGLIA - UFMG
Apresentação/Introdução As mudanças econômicas, sociais, culturais e políticas ocorridas a nível mundial trouxeram alterações no perfil epidemiológico e demográfico da população. Em especial, o envelhecimento da população e o aumento da prevalência das doenças crônicas, que exigem cuidados e serviços mais complexos e coordenados entre os vários profissionais e pontos de atenção (MENDES, 2009). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte dos problemas enfrentados pelos sistemas de saúde pode ser atribuída a forma de organização encontrada para o enfrentamento dessas mudanças (SALTMAN; RICO; BOEMA, 2010). Neste sentido, existe um consenso considerável que os sistemas de saúde com uma Atenção Primária à Saúde (APS) eficaz possuem maior probabilidade de ter melhores níveis de saúde e com custos mais baixos. No Brasil, o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ – AB) apresenta-se como estratégia de melhoria da qualidade da assistência da APS desde 2012. O Ministério da Saúde coloca como desafio o estabelecimento da Estratégia Saúde da Família como centro das Redes de Atenção à Saúde, na ordenação e coordenação do cuidado.
Objetivos O estudo objetivou verificar a qualidade das variáveis do PMAQ-AB para avaliar a atenção básica como coordenadora do cuidado no Brasil. Adicionalmente, buscou classificar as equipes de atenção básica em níveis de coordenação do cuidado, além de evidenciar elementos facilitadores e dificultadores para o cuidado continuado.
Metodologia Estudo transversal fundamentado na Teoria de Resposta ao Item (TRI), com dados obtidos do inquérito de pesquisa realizado pelo Ministério da Saúde no ano de 2012. Participaram do estudo 17202 equipes de atenção básica que aderiram ao PMAQ-AB, em caráter voluntário. Os dados foram coletados na fase de avaliação externa, em parceria com instituições de pesquisa e ensino em todo o país. A seleção das variáveis baseou-se em concepções e elementos de coordenação verificados na literatura. O modelo de Resposta Gradual de Samejima foi utilizado para estimação dos parâmetros dos itens e do escore relacionado ao nível de coordenação. O coeficiente alfa de Cronbach e o coeficiente de Spearman foram utilizados para análise da consistência interna e da correlação entre os itens e com o escore total. As suposições de unidimensionalidade e de independência dos itens foram avaliadas. Gráficos do tipo nuvem de palavras auxiliaram na interpretação dos níveis de coordenação.
Discussão e Resultados Os elementos de comunicação, o apoio matricial, as referências e fluxos definidos, a frequência de contato de especialistas/APS e os protocolos terapêuticos apresentaram maior capacidade para discriminar o nível de coordenação e maior correlação com o escore total. Indicando a importância da disponibilização e da utilização da informação para o cuidado adequado, além de evidenciar o quanto o cuidado prestado pelas equipes depende de outras esferas. A frequência de contato de especialistas/APS para troca de informações e o prontuário eletrônico integrado foram itens que exigiram maior nível de coordenação das equipes. A consistência interna, a unidimensionalidade do modelo e independência dos itens foram garantidos. Quatro níveis de coordenação foram construídos e, por meio das nuvens de palavras, foi possível identificar que um maior grau de comunicação, a troca frequente de informações entre especialistas/APS, o apoio matricial e o cuidado no território e domicílio tiveram peso relevante nos níveis de coordenação. Assim, a presença simultânea destes atributos em maior grau pode ser considerada uma característica das equipes com nível de coordenação mais alto.
Conclusões/Considerações Finais Os diferentes contextos e elementos de coordenação, analisados na perspectiva do profissional de atenção básica, demostraram a importância da estrutura necessária para que as relações do cuidado aconteçam. Cabe assim ao gestor o provimento adequado de recursos.
As relações e criação de espaços de confiança são de fundamental importância para apropriação de objetivos comuns. Essas relações quando institucionalizadas refletem uma maior capacidade de coordenar o cuidado, na medida que criam laços importantes na conformação de redes integradas.
O conhecimento do nível de coordenação do cuidado pode ser de grande valor para o planejamento e organização dos serviços de saúde. Neste sentido, o estudo evidenciou a capacidade de disponibilizar a informação e a frequência de contato entre os profissionais dos diversos pontos de atenção como elementos importantes para o cuidado abrangente, contínuo e de qualidade.
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