11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 23 - Cuidado em Saúde - Grupos Específicos, Integralidade e os Diferentes Determinantes da Saúde |
11217 - OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA COMO FUNDAMENTOS PARA INTERVENÇÕES EMANCIPADORAS THAMIRES RODRIGUES DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, HAYDA JOSIANE ALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Apresentação/Introdução A gravidez na adolescência (GA) ocorre em indivíduos com idade entre 10 e 20 anos. Em países menos desenvolvidos, a GA torna-se um problema de saúde pública dado sua magnitude e associação com a pobreza geracional e com o aprofundamento das iniquidades em saúde. Apesar de se verificar uma importante queda na proporção de partos de mães adolescentes, a GA está associada à riscos obstétricos e neonatais, às dificuldades de acesso ao parto seguro e à falta de oportunidades de educação e emprego para jovens - em especial as mulheres - de modo a comprometer o futuro das meninas nos países em desenvolvimento. A despeito da amplitude de temas que envolve, as abordagens voltadas à prevenção da GA carecem de intervenções pautadas em práticas participativas e emancipadoras. Estas demandam apreender a “visão de mundo” e os sentidos da experiência da GA vocalizados pelos adolescentes, enquanto fundamentos para intervenções são capazes de produzir escolhas livres e informadas.
Objetivos Apreender os sentidos atribuídos à experiência da gravidez por gestantes, mães e pais adolescentes (10 a menores de 20 anos) residentes no município de Rio das Ostras, RJ.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, com utilização de metodologias participativas.
O estudo foi realizado no município de Rio das Ostras, situado na região da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro. Possui 105.676 habitantes, segundo o IBGE e 32,6% de cobertura de saúde da família (SF) em dezembro de 2015 segundo SIAB. Apresenta ainda, uma iniciativa municipal voltada à saúde dos adolescentes, o Núcleo de Atenção Integrada à Saúde dos Adolescentes (NASA).
Foram incluídos no estudo adolescentes que vivam a experiência da gestação, além de participarem do grupo educativo do NASA em uma unidade de saúde da família com maior proporção de mães adolescentes do município.
Para a coleta de informações foram utilizadas as técnicas de (i) observação participante e (ii) grupo focal, orientado pela metodologia de world café. Para análise do material obtido foi empregada a técnica de análise de categorias.
Discussão e Resultados As falas das adolescentes revelaram que a experiência da gravidez nesta etapa da vida está bastante associada à identidade de gênero, em que pese o desejo da maternidade e as expectativas sobre o papel social dos sexos e os tradicionais modelos familiares. Mas também, à prática do sexo desprotegido. Em outra dimensão, aparecem as dificuldades ligadas à nova condição vivida. Neste caso, o suporte familiar, em especial o de outra mulher, geralmente a mãe do/a adolescente figura como elemento importante para o enfrentamento das adversidades consequentes à gravidez e a maternidade precoce. Apesar desde apoio, as adolescentes relatam dificuldades para a permanência na escola e no acesso e utilização dos serviços de saúde. Este cenário associado à falta de oportunidades compromete os projetos de vida futuros, cujos objetivos são reformulados para assegurar demandas imediatas de cuidado de uma criança.
Conclusões/Considerações Finais A GA está associada a diferentes vulnerabilidades que comprometem o futuro e as escolhas de adolescentes e jovens. Os resultados da pesquisa revelam desafios e sinaliza caminhos necessários à dissociação da gravidez na adolescência à pobreza geracional e emancipação feminina. A produção de intervenções emancipadoras voltadas à prevenção da gravidez entre adolescentes deve considerar a singularidade que envolve o tratamento de temas como gênero, sexualidade, entre outros, além de considerar os projetos de vida vividos e desejados. Estes, devem encontrar suporte em políticas sociais e serviços públicos capazes de assegurar condições objetivas e oportunidades para que adolescentes e jovens possam resignificar seus futuros para além das iniquidades presentes.
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