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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 25 - Epidemias e Endemias na Produção Mídiática (II) |
11536 - #ZIKAVIRUS NO INSTAGRAM: SENTIDOS PRODUZIDOS E PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DO NÃO VERBAL MICHELE NACIF ANTUNES - UFES, ADAUTO EMMERICH OLIVEIRA - UFES, FÁBIO GOMES GOVEIA - UFES, TASSO GASPARINI DE SOUZA - UFES, ALINE GUIO CAVACA - UFES
Apresentação/Introdução As imagens assumem lugar de evidências nas mídias sociais. Somos consumidores de imagens, sejam fixas, móveis, voláteis ou memoráveis. Assim, propõe-se um olhar das imagens coletadas no Instagram sobre a epidemia de zika a partir da ótica da Análise de Discurso Francesa (AD). O Instagram é um aplicativo de rede social baseada em localização móvel que oferece aos usuários uma maneira de editar e publicar fotos. O diálogo com os dispositivos da AD desenha-se como um caminho para fazer emergir os efeitos de sentido que constituem a teia discursiva sobre a epidemia de Zika Vírus. Os desafios são infinitos diante da materialidade significante que se apresenta em forma de textualidades gráficas e visuais: traços, formas, cores e não fonemas, palavras e frases. Estamos diante de outra forma de enunciação, de outras formas de leitura, que irão possibilitar diferentes formas discursivas e, assim, produzir diferentes efeitos de sentido. As imagens foram olhadas considerando o risco como ponto de vista discursivo, pois o Zika Vírus surgiu cercado por imprevisibilidade, insegurança e incerteza, características da sociedade de risco. Apresenta-se aqui apenas uma leitura, outras são possíveis.
Objetivos O objetivo do estudo é identificar os sentidos que constituem a teia discursiva sobre a epidemia de Zika Vírus no Instagram. E ainda discutir dispositivos de análise que venham ao encontro das novas materialidades discursivas, como as imagens, nos diversos tipos de discursos que possam ser analisados, principalmente no campo da Saúde Coletiva.
Metodologia O corpus foi construído a partir da possibilidade de olhar discursivamente para as imagens coletadas no Instagram por meio da hashtags #zikavirus. Hashtags são palavras-chave antecedidas pelo símbolo "#" que no Instagram funcionam como um agrupador de imagens sobre um tema específico. A busca foi realizada no período de novembro a dezembro de 2015. Foi nesse momento em que surgiram os primeiros alertas do Ministério da Saúde sobre a epidemia de Zika Vírus no Brasil e sua possível relação com a microcefalia. As imagens coletadas no Instagram formaram uma “image cloud” ou “nuvem de imagens”, organizadas de acordo com o número de curtidas, ou seja, quanto mais curtidas, maior é a foto. Para isso, foi utilizado um software específico de mineração de dados e imagens. A “image cloud” foi desenvolvida pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura – Labic, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Discussão e Resultados Considera-se a image cloud como um espaço discursivo, onde o conjunto de imagens falam entre si e mantém relações de delimitação recíproca. E cada imagem é parte de um discurso. E dizer que uma imagem significa em relação a outra, é afirmar a articulação de formações discursivas (FD), que são heterogêneas por natureza e organizam blocos discursivos, constituídas de formulações que repetem, recusam e transformam outras formulações. Foram observadas pelo menos 04 imagens significantes: o mosquito, o vírus, a grávida/feto e o corpo, que compõem um enunciado heterogêneo que pode ser apropriado por duas FDs. A FD1 é caracterizada pelo enunciado: O novo vírus e o velho Aedes, que remete ao já conhecido Aedes Aegypti. O Vírus Zika aparece como o grande vilão no confronto: zika x gravidez, onde há vencedores e perdedores. O que remete para outra leitura possível, constituindo a FD2: Vítimas Coleterais: a grávida e o feto. Além da vulnerabilidade própria da gravidez para a mãe e o feto, agora ela está acrescida da possibilidade de seu filho nascer com microcefalia. E assim, a epidemia se materializa no corpo. E o corpo é a imagem significante mais marcante na image cloud.
Conclusões/Considerações Finais Considerar fatos e não dados nos permite levar em conta a linguagem e sua relação com a exterioridade. É a história que permite olhar para a língua enquanto materialidade discursiva. Da mesma forma, pensa-se a materialidade visual: não se pode tomá-la isolada de sua exterioridade. Ao nos depararmos com as imagens de #zikavirus no Instagram, faz-se necessário discutir e estabelecer dispositivos de análise que venham ao encontro das novas materialidades discursivas, nos diversos tipos de discursos que possam ser analisados. Todos esses elementos formam uma rede conceitual de modo que os sentidos se imbricam aos lugares que os sujeitos ocupam e que são ideologicamente marcados. A epidemia de Zika Vírus surgiu no contexto da sociedade de risco, marcada pela insegurança diante das ameaças contemporâneas. Ela surgiu em meio a falta de significância e sentidos, cercada por narrativas de sofrimento. Ela sobrevive nos recados dos mortos e no silêncio dos que nasceram com microcefalia.
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