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11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 28 - Saúde Mental e Trabalho

11562 - O TRABALHO NO HOSPITAL: SUBJETIVIDADE SOB O FLUXO TENSIONADO. INTENSIFICAÇÃO E ADOECIMENTO DOS TRABALHADORES DE SAÚDE
HELTON SARAGOR DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, AQUILAS NOGUEIRA MENDES - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Apresentação/Introdução
A pesquisa analisou o processo de trabalho das categorias de enfermagem perante três formas de gestão: administração direta, terceirizada sob gestão de Organizações Sociais de Saúde (OSS) e iniciativa privada no contexto do capitalismo financeirizado e da organização do trabalho pós-fordista. A partir da abordagem da teorização da psicopatologia e da sociologia do trabalho, a avaliação sobre a tensão dos procedimentos não é meramente objetiva, mas tem valoração subjetiva por parte dos trabalhadores que vivenciaram experiências distintas. Logo, as diferentes opiniões guardam alguma coerência, mas não são unânimes na gradação do que é considerado tenso e daquilo que não é. Os setores são escalonados por nível de tensão a depender também das características individuais dos trabalhadores. Na dimensão sobre a saúde do trabalhador, os entrevistados apresentaram a primazia dos problemas de caráter emocional sobre os problemas físicos por mais que esses são presentes em problemas ergonômicos, dores crônicas, tendinites e demais lesões de esforço repetitivo. Outro problema de saúde comum é a hipertensão, disfunção correlacionada com cotidiano de tensão e stress.


Objetivos
Discutir a relação subjetiva do trabalhador da enfermagem com o processo de trabalho;
- Abordar a resposta dos indivíduos sobre a organização do trabalho contemporânea;
- Refletir acerca das características dos procedimentos e setores do hospital;
-Analisar como a intensificação do processo de trabalho decorre sobre a saúde do trabalhador;
- Problematizar o predomínio dos problemas de saúde mental em relação aos físicos;
-Discutir o consumo de medicamentos como viabilizador do cotidiano de trabalho.



Metodologia
Trabalhamos sob duas perspectivas para a exposição do objeto. Na dimensão teórica, relacionamos abordagens próprias da enfermagem, assim como econômicas, sociológicas e da saúde coletiva. Na pesquisa empírica, os meios de pesquisa consistiram nas técnicas etnográficas, nas entrevistas semiestruturadas e conversas informais. A pesquisa ocorreu durante o primeiro semestre do ano de 2014. Escolhemos três unidades hospitalares em dois municípios no oeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), sendo esses de administração pública, de gestão terceirizada por Organizações Sociais e Privada. No roteiro de entrevista, abordamos a formação educacional; trajetória e perspectiva profissional; mercado de trabalho; remuneração; qualificação profissional; processo de trabalho; a relação com a tecnologia; aspectos da terceirização; conflitos no local de trabalho; mercado interno de trabalho; ação coletiva; subjetividade envolvida no trabalho e saúde do trabalhador.


Discussão e Resultados
Geralmente, os procedimentos vistos como menos tensos são aqueles sem risco ao paciente, ao contrário de setores com risco, onde a tensão é condensada em diversas atividades. Alguns profissionais não consideram nenhuma função como tranquila: “O profissional de saúde trabalha com a corda no pescoço o tempo todo”. A dimensão subjetiva é definidora, os profissionais consideram ser mais tenso trabalhar com crianças em sofrimento ou em Unidades de Terapia Intensiva em contraposição à maternidade, também descreveram a pressão quando convivem algum tempo com o mesmo paciente e sua família, criando vínculos de afetividade e cobrança.
A peculiaridade subjetiva do trabalho em enfermagem gera tamanha pressão sobre os sujeitos. A intensificação e a sobrecarga de trabalho sob o fluxo tensionado parte do contexto de que o objeto de trabalho são os usuários, logo, a não realização de um procedimento ou um erro implica em prejuízo gradativo a depender da condição do paciente. A tendência observada nos profissionais da enfermagem é de se guiar pelo fluxo, porém, o cotidiano de trabalho sob essas condições desembocam em sérias consequências sobre a sua saúde.



Conclusões/Considerações Finais
Em síntese, as tendências econômicas submetem o regime e o processo de trabalho das categorias da enfermagem na medida em que, para a diminuição de custos, constrangem a contratação do número adequado de profissionais. Nesse sentido, todas as formas de gestão da força de trabalho da enfermagem instituem a relação desproporcional que se baseia na inequação entre demanda do número de pacientes e quantidade incipiente de profissionais, ou seja, à moda do trabalho em cuidado, institui-se sistema análogo ao just-in-time consagrado no toyotismo.
A questão da saúde mental dos profissionais é tema de primeira importância, pois os relatos de situações de doenças relacionadas ao sono, depressão, síndrome do pânico e de burn-out, e surtos emocionais são a regra. Praticamente, não há menção de nenhum hospital em que não seja comum tal situação. Decorrente dessa situação, identificamos um “protagonismo” da medicalização como elemento viabilizador do trabalho.


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