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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 28 - Saúde, Produção e Trabalho

11548 - DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS E MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO EM CUIABÁ-MT
NAYARA ALINE SPOHR MARTINS - UFMT, EMERSON SOARES DOS SANTOS - UFMT


Apresentação/Introdução
O Brasil é o quinto país com o maior número de mortes por acidentes de trânsito (OMS-2015), e existem diversos fatores que colaboram para isto, como o aumento populacional e a crescente frota de veículos, entre outros. Partindo da problemática que envolve o rápido crescimento das cidades e da mobilidade urbana não pensada para as pessoas, é visível que cada dia mais a prioridade do veículo individual se torna o foco na organização da cidade. VASCONCELLOS (2000) ressalta que alguns fatores que contribuem com o alto número de acidentes são o acelerado processo de urbanização, o crescimento populacional expressivo, o padrão de ocupação do solo e o aumento da frota de veículos. É claro que não se deve culpar unicamente a estrutura urbana de nossas cidades, mas essa "não gestão" dos espaços de circulação são marcantes e criam cenários perfeitos para nosso transito perigoso e caótico. Segundo a OMS (2015), os países de baixa ou média renda acumulam 90% das mortes no transito, enquanto somam 54% dos veículos do mundo. Algumas das causas desses números tão seriam o aumento da frota de veículos ligado a falta de planejamento e o baixo investimento na segurança das vias públicas.


Objetivos
O presente trabalho busca caracterizar o perfil epidemiológico das vítimas de acidentes de trânsito em Cuiabá e identificar se existe um padrão espacial dos locais de residência destas vítimas e eventual ligação com a condição social destas localidades.


Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo da mortalidade por acidente de trânsito na cidade de Cuiabá entre os anos 2000 a 2011. Foram analisados dados de vítimas de acidente de trânsito para as causas “Atropelamento”, Acidente de Carro” e “Acidente de Motocicleta”. Para diminuir a flutuação dos dados optou-se por agregar os dados em períodos de 3 anos Faz-se uma análise espacial exploratória dos 118 bairros da cidade (IBGE 2010). Estes bairros foram agrupados segundo suas características socioeconômicas, seguindo a metodologia proposta por Arruda (2014), em que são utilizados dados do IBGE dos indicadores de renda, educação, estrutura dos domicílios e seu entorno. O agrupamento dos bairros em diferentes grupos homogêneos foi feito através do método não hierárquico K-Means. As variáveis utilizadas para o agrupamento foram obtidas por Análise Fatorial. Para a elaboração de mapas da distribuição espacial da mortalidade para os períodos e causas foi utilizado ArcGIS 9.3.


Discussão e Resultados
Os acidentes de carro são os que mais possuem vítimas chegando a 538 (32%) óbitos em 12 anos, seguido pelos óbitos por atropelamento com 441 (27%) vítimas. As mortes de motociclistas (22%) aumentaram quase 300% entre 2000 e 2011 (17 -> 48). O aumento da frota de veículos em Cuiabá foi de 108.951 carros e motos em 2001, e 268.634 em 2011. Do total de mortes, 78.9 % (N=1309) eram do sexo masculino e 21.1% (N=350) do sexo feminino. A maior diferença entre a mortalidade de homens e mulheres é na causa Acidente de Motocicleta, com uma razão de 7.5 (H->M). Mortalidade por acidentes de moto teve aumento superior em relação as outras categorias de causas, a incidência aumentou de 5/10.000 hab em 2000 para 12/10.000 em 2011. Houve diminuição nos óbitos por atropelamento, principalmente no cluster 1. Em contrapartida, um aumento nos óbitos por acidentes de carro e moto. Quanto aos acidentes de carro, vemos a incidência diminuir no período 2 em relação ao período 1. Nos períodos 3 e 4 percebe-se estabilidade com relação a mortalidade por acidente de carro. Óbitos por acidentes com motociclistas aumentado do período 1 para o período 4, com destaque para o cluster 4.


Conclusões/Considerações Finais
A partir de análise espacial exploratória, foi observado que há uma maior incidência de óbitos de pessoas residentes em bairros com perfil de renda média e baixa (clusters 4 e 3) nos três primeiros períodos (2000 a 2008). Já no ultimo período há uma diminuição acentuada, principalmente nos bairros de baixa renda. No final do período de estudo os bairro do cluster 2, que apresentam renda média e/ou alta, tem as maiores taxas, seguidos pelos bairros do cluster 1, que apresentam renda média baixa. Os bairros com população de maior poder aquisitivo mantêm estabilidade da incidência durante o período analisado. Os bairros mais pobres possuem uma maior incidência de óbitos por atropelamento, por mais que em todos os clusters seja apresentada uma diminuição desses óbitos. Com relação a idade, a diferença entre os sexos é pequena na faixa etária até os 14 anos de idade. Porém dentre a população economicamente ativa e entre os idosos, a mortalidade masculina é 4 vezes maior que a feminina.


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