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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 35 - Práticas de Cuidado, Promoção da Saúde e Formação em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas |
11270 - SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: ABORDAGENS E PRÁTICAS ANNABELLE DE FÁTIMA MODESTO VARGAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE, MAURO MACEDO CAMPOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
Apresentação/Introdução O presente trabalho tem por objetivo analisar de que maneira os profissionais que trabalham em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) entendem e incorporam ao seu cotidiano profissional as políticas de saúde mental e de álcool e outras drogas. Pretende-se, então, desenvolver uma discussão teórica inicial, considerando que este debate constitui o cerne da construção do pensamento aqui proposto. Parte-se também da premissa de que para a adoção de determinadas políticas nacionais é necessário que os agentes da prática cotidiana, quais sejam, os profissionais que estão diretamente ligados aos serviços de saúde, estejam concatenados às políticas nacionais. As políticas em saúde mental têm sido amplamente estudadas no campo da Saúde Coletiva, mas encontram-se lacunas na literatura no tocante às contribuições de outras áreas, como a Sociologia Política, entendendo-se que pesquisas no âmbito das Ciências Sociais poderiam contribuir para a compreensão das possíveis tensões existentes entre as políticas existentes e a prática cotidiana profissional. Vale ressaltar que esta proposta é parte dos estudos que vem sendo desenvolvidos no doutoramento em Sociologia Política.
Objetivos Desenvolver uma discussão teórica, a partir de elementos encontrados na literatura acerca das práticas profissionais em saúde mental, álcool e outras drogas.
Metodologia Os estudos de etnografia da ciência constituem um amplo campo de investigações que tomam como objeto o processo de produção de conhecimento (Bonet, 2004). Este autor demonstra que, sem esquecer as diferentes abordagens por meio das quais os investigadores se aproximam dos objetos de estudo, um traço que os agrupa é a visão da ciência como produto de uma construção social, demarcada pelas situações e interesses específicos dos contextos nos quais essas construções são realizadas. Para maior conhecimento das políticas de saúde mental e de álcool e drogas, primeiramente, foi realizado um levantamento da legislação pertinente à área. Tal providência faz sentido, pois entender a composição das regras é um primeiro passo para se compreender o desenho institucional que norteia os rumos da política de saúde mental. Neste percurso, também desenvolveu-se uma revisão da literatura buscando encontrar autores que pudessem embasar a discussão proposta.
Discussão e Resultados O debate acerca da loucura e, para uma problematização mais específica, sobre a dependência do álcool e outras drogas tem dado novos direcionamentos às políticas de saúde, embora se perceba que grande parte do trabalho realizado se direciona à criminalização do seu emprego (produção, tráfico e consumo). É importante pensar que as políticas adotadas no tocante às drogas não se dissocia de seu vínculo com os saberes e práticas da biomedicina. Tais saberes e práticas encontram-se historicamente investidos em nós, que legitimamos o que seria considerado “lícito” ou “ilícito” (VARGAS, 2011). Os saberes biomédicos, então, detêm a força da autoridade científica e evocando suas origens fundamenta suas práticas atuais.
Rui (2014), ao estudar o consumo de crack no cenário de uso da droga, discute que uma questão que sempre fora tratada de modo policial é colocada no âmbito da discussão da “saúde pública”, tendo o Ministério da Saúde eleito os CAPS AD como os serviços públicos mais especializados nesse tipo de atenção. A autora aponta que tal transição – entre a questão legal e a questão de “saúde pública” e, mais especificamente, da “saúde mental” – ainda precisa ser mais bem investigada.
Conclusões/Considerações Finais Mesmo diante de uma nova forma de se pensar a “Saúde Mental” e que avanços tenham sido produzidos a partir da Reforma Psiquiátrica, muitos desafios permanecem presentes, criando entraves que dificultam a melhora dos serviços em saúde. Sabe-se que a formação acadêmica, bem como o local de atuação influencia no tocante aos novos olhares e formas de se produzir o cuidado esperado no atendimento às pessoas em “sofrimento”. No entanto, as relações sociais, a cultura, a moralidade e inúmeros outros aspectos também estão fortemente ligados ao agir profissional, indo, muitas vezes, em desacordo ao resgate da cidadania que tanto tem se discutido e buscado pelos movimentos sociais, familiares e militantes da Luta Antimanicomial.
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