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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 36 - As Redes de Atenção à Saúde

11690 - VISITA DOMICILIAR INTERPROFISSIONAL COMO PRÁTICA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
CÉLIO CHAVES EDUARDO FILHO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ - ESP-CEARÁ, MARIA SÔNIA LIMA NOGUEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, BRÁULIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ


Período de Realização da experiência
A experiência se deu quinzenalmente de abril de 2014 a abril de 2015, no município de Aracati–Ceará.


Objeto da experiência
O objeto da experiência aqui relatada é a visita domiciliar interprofissional no campo de práticas da atenção básica, que é entendida como uma ferramenta que proporciona ao profissional de saúde entrar no espaço em que a família vive, e desta maneira, identificar demandas e potencialidades que atravessam a construção das linhas de cuidado. O contato com o ambiente familiar e social dos indivíduos, reconhecendo suas crenças, cultura e costumes se caracteriza como uma atividade essencial para o trabalho com indivíduos, família e comunidade. Tal visita é apontada ainda, como uma das ferramentas que privilegiam a inserção social do sujeito e embasam as ações da Estratégia de Saúde da Família.


Objetivo(s)
A visita domiciliar interprofissional desponta como uma importante ferramenta para compreender os desafios postos aos profissionais das Equipes de Saúde da Família quanto ao cuidado em saúde mental em seu processo de trabalho. Partindo dessa compreensão, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência da visita domiciliar interprofissional no cuidado em saúde mental desenvolvida junto a duas equipes de Saúde da Família ao longo do processo formativo de Residência Integrada em Saúde na ênfase Saúde da Família e Comunidade no Nordeste do Brasil.


Metodologia
Trabalho desenvolvido através do modelo de Sistematização de Experiências (SE) proposto por Holiday (2005). Para o autor, a SE possibilita uma análise profunda da experiência desenvolvida, permitindo que o agente da ação identifique processos importantes que percorreram o trajeto da atividade sistematizada. Aqui, as práticas relatadas não são reduzidas apenas à descrição de ações realizadas em sentido material, mas entendidas em seu sentido amplo, como práticas constituídas de subjetividades e impressões sobre o sentido que eu, enquanto ator desse processo, dou ao que produzo diante das situações vividas. A experiência da visita interprofissional envolveu uma equipe de Núcleo de Apoio à Saúde da Família e duas equipes de Estratégia de Saúde da Família. Participaram da atividade eu, psicólogo, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. A ação envolveu os campos de saúde da família e saúde mental e pretendeu que as atividades pudessem ganhar um novo sentido para os profissionais.


Resultados
A partir do exercício da visita interprofissional foi possível refletir sobre a riqueza de informações reconhecidas e a troca de saberes produzidos nessa prática. A percepção das demandas (nas visitas) que envolviam o cuidado dos usuários tornou possível a elaboração de outras estratégias de intervenção que iam além da queixa trazida e do discurso produzido no espaço da unidade. Através do contato com esses indivíduos, com seu território, modos de viver e da discussão referente aos casos trabalhados, foi possível discutir que além do transtorno mental, que em certos casos poderiam ser cuidados na própria unidade básica de saúde, havia um sujeito que desejava, que sofria e que tinha dor como qualquer outra pessoa e que merecia atenção e cuidado da equipe de saúde. Os usuários de saúde mental, antes excluídos, passaram a ser reconhecidos pelas equipes como indivíduos dotados de singularidades e merecedores de respeito; passaram a ser reconhecidos como sujeitos dotados de direitos.


Análise Crítica
A partir do momento em que a atenção voltada às situações de sofrimento psíquico e transtornos mentais leves passaram a ser pautadas no processo de trabalho das equipes de Saúde da Família, percebi que a experiência desenvolvida foi positiva e que houve uma melhora no manejo e no acolhimento dos casos nas duas unidades de saúde acompanhadas. Situações que até então eram encaminhadas para outros serviços, passaram a ser cuidadas pelas próprias equipes, que começaram a acolher esses casos de forma mais atenta, pensando em outras possibilidades de intervenção que iam além do encaminhamento. O exercício da visita interprofissional foi potente para a ressignificação desses profissionais diante das práticas que envolviam o cuidado em saúde mental. Problematizar sobre o manejo e o cuidado produzido pelos profissionais de saúde nesse espaço foi fundamental para desfazer lógicas reducionistas historicamente construídas e que repercutem no discurso dos profissionais e da própria comunidade.


Conclusões e/ou Recomendações
O exercício aqui descrito favoreceu a troca de experiências e trouxe maior aproximação entre profissionais de saúde, usuários do serviço e comunidade. Apesar da potência referente a integralidade no cuidado, esse tipo de prática ainda encontra resistência na cronificação de antigos métodos autoritários, na falta de qualificação de muitos profissionais para atuar na saúde mental, na normatização das práticas em saúde e na moralização de uma sociedade que ainda perpetua práticas higienistas e que agridem direitos humanos básicos.


Realização:



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