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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 10:45 - 12:00
GT 38 - Sabedoria Contando nossas Ações:Documentando a Vida entre Saúde e Ambiente

11153 - MULHERES DO RECANTO: ANTES DE SABER O QUE EU COMO, DEIXA EU CONTAR COMO EU VIVO
ELISABETTA RECINE - UNB, JULIANA ROCHET - UNB, ANDREA SUGAI - UFG, LUIZA TORQUATO - UNB; CFN, GABRIELA CUNHA - UNB


Resumo/sinopse
O vídeo, de curta duração (12’54), disponível em DVD e na internet (https://youtu.be/SudyZJg6jEc), pretende apresentar, de forma sensível, o processo de ensino-aprendizagem e as repercussões da ação de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) desenvolvida com dois grupos de mulheres do Recanto das Emas, região administrativa do Distrito Federal localizada a 26 km de Brasília. Fruto do projeto de pesquisa “A mulher e as dimensões do espaço social alimentar: um instrumento para abordagens participativas em EAN” – financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e realizado durante os anos de 2014 e 2015 por educadoras e pesquisadoras do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (OPSAN/UnB) –, o vídeo contém depoimentos e registros audiovisuais coletados durante as oficinas de educação alimentar e nutricional realizadas na comunidade, captando memórias, afetos e vivências geradas no percurso de educar de forma dialógica e participativa. O objetivo do projeto, finalizado em abril de 2016, foi desenvolver e implementar abordagens participativas de EAN a partir da identificação e da caracterização dos saberes, das escolhas e das práticas alimentares domiciliares estabelecidas no espaço social alimentar de um grupo de mulheres, que são as principais responsáveis pela definição das práticas alimentares no domicílio, dedicando importante parcela do seu tempo para garantir a alimentação da família. A intenção da equipe de educadoras e pesquisadoras era compreender o contexto e as dinâmicas da alimentação na perspectiva de gênero e realizar uma ação de EAN que fosse planejada e executada com a participação ativa das pessoas envolvidas, à luz do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas (2012). Por meio de um conjunto de oficinas, as diferentes dimensões do espaço social alimentar foram abordadas e registradas em imagens, sons e documentação cartográfica. O espaço social alimentar é um conceito que compreende dimensões interligadas, tais como: escolhas que levam grupos humanos a selecionar, adquirir ou conservar os alimentos; estruturas tecnológicas e sociais que permitem que o alimento chegue ao indivíduo e seja reconhecido como algo comestível. O conceito inclui, ainda, o espaço culinário, representado pela cozinha, onde a sociedade codifica e constrói sua identidade alimentar e; o conjunto de rituais que permeiam o ato alimentar de acordo com a cultura dos grupos sociais. Tomar conhecimento desse espaço é essencial quando se decide desenvolver ações de EAN, pois possibilita compreender não apenas quais alimentos entram no circuito da aquisição e por quais lógicas de escolhas os alimentos são adquiridos, mas também identificar quem cozinha e em que contextos físicos, temporais e sociais. Assim, semanalmente, mulheres, mães, filhas, donas de casa, bordadeiras e costureiras, cuidadoras da alimentação da família, educadoras e pesquisadoras se encontravam para conversas ao redor da mesa. Brincavam, dançavam, trocavam receitas, compartilhavam histórias, experiências e conhecimentos, dividiam quitutes, sucos e chás. Os encontros, que eram norteados pelo princípio “antes de saber o que eu como, deixa eu contar como eu vivo”, confirmaram o que Paulo Freire já havia anunciado: ao educar, ao partilhar e conviver, transformamos e somos transformadas. Ouvir e acolher as demandas das mulheres, refletir sobre a realidade vivida e, por meio de dinâmicas participativas, possibilitar a problematização e a apresentação de alternativas que pudessem auxiliá-las em processos de mudanças, quando desejado, foram qualidades desenvolvidas durante o processo de ensino-aprendizagem. Concluiu-se, ao fim das atividades, que grande parte do grupo iniciou uma reflexão sobre o significado da alimentação e de seu papel nas práticas alimentares no domicílio, levando a mudanças de hábitos alimentares individuais, na família e nas dinâmicas da casa. Além disso, constatou-se que o projeto possibilitou que a alimentação fosse colocada em um contexto mais amplo, superando, assim, o automatismo do que se come em direção a uma (res)significação da relação que as mulheres possuem com o corpo, com a sua saúde, com a família e com o ambiente.


Biografia do autor(es)
Elisabetta Recine e Juliana Rochet são docentes da UnB. Andrea Sugai é docente da UFG. Luiza Torquato é mestre em Nutrição Humana pela UnB. Gabriela Cunha é graduada em Ciências Sociais pela UnB.


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