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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 10:45 - 12:00 GT 36 - Perspectivas Diversas sobre Saúde Coletiva (I) |
11941 - FORMAÇÃO E PRÁTICA: DISCUTINDO A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM SÃO CARLOS DANIEL CECCON MARONI - UFSCAR
Apresentação/Introdução Com a expressiva presença dos profissionais psi trabalhando no âmbito da saúde pública, representando 14,32% dos profissionais registrados (CNES NET, 2016; CFP, 2016) a discussão do encontro entre seus acúmulos formativos e as especificidades paradigmáticas do ambiente laboral do Sistema Único de Saúde (SUS) mostra-se patente. Tendo em vista aqui uma Psicologia historicamente vinculada a modelos de sujeito, saúde e doença nutridores de convicções individualistas e liberais, e que vem se inserindo em um espaço público e coletivo.
Zeladora desses modelos de sujeito, está a formação universitária, sendo provedora de aparato técnico-ideológico na execução do fazer psi por esse profissional. O modo como a formação aparece nesse fazer profissional em dialética com questões pessoais do trabalhador, do usuário ou dos usuários, de gestão do trabalho e de relação com os colegas, permite averiguar os limites e potencialidades éticas, políticas e técnicas da formação frente aos paradigmas do SUS a partir das significações apresentadas pelos profissionais lá inseridos.
Objetivos Geral:
Investigar a relação entre atuação e formação dos psicólogos atuantes na rede municipal de saúde em um município de médio porte no interior de SP.
Específicos:
Investigar as bases teóricas e técnicas nas quais os profissionais psicólogos da rede municipal se apoiam para realizar seu trabalho.
Investigar quais percepções os profissionais psicólogos têm sobre o trabalho realizado, destacando os limites e os alcances da intervenção
Metodologia Compreendendo sujeitos constituidos por emaranhado simbólico-ideológico, é impossível estudá-lo fora de uma análise compreensiva. Essa leitura busca desvelar parcialmente o caráter simbólico das relações, mostrado pela linguagem e mediado por relações dicotômicas que anunciam mutabilidade e personalidade ao sujeito. Formando assim uma análise hermenêutica dialética que questiona relações sociais a partir da junção entre a análise do que é dito com crítica, reflexão e contestação (Minayo, 2010).
Esta pesquisa construtiva-interpretativa analisou os sentidos e significado das falas dos psicólogos atuantes no SUS no referido municipio, através de entrevista semi estruturada. Construtivo por ciência ser compreendida como produtora de saberes em contraste ao paradigma de ciência que propõe apropriar-se do real. Interpretativo por trabalhar, do empírico, a criação de sentido do é dito pelos sujeitos (Rey, 2005). A pesquisa foi aprovada por CEP competente sob parecer 679.677 em junho de 2014.
Discussão e Resultados Dos 15 profissionais identificados e convidados, 7 aceitaram participar.
Sujeitos avaliam os cursos de graduação como determinantes na estruturação das tecnologias leve-duras (teorias, técnicas) para a clínica individual. Três dos sete participantes observaram necessidade de adequação curricular para o cumprimento do trabalho no SUS, percebendo a graduação limitada frente a possibilidades de intervenção e conhecimento sobre a natureza do objeto dessa ação. Destaca-se também a posição do psicólogo pesquisador como crucial ao profissional. Ao mesmo tempo, parte considera suas formações mais clássicas em psicologia como sendo abrangentes às formas de ser dos usuários e às formas organizativas e paradigmáticas do SUS, ainda que, os ambientes, situações e condições sociais dos usuários sejam distintas da vivência clínica liberal individual.
Lê-se pela fala de alguns sujeitos que à teoria só falta a prática no ambiente em questão, e que essa apresente plasticidade suficiente, adequando-se ao âmbito que for. De fato, a experiência revelou-se, em poucos casos e situações, como sendo modificadora de certas práticas, permitindo a alguns profissionais desenvolver ações mais usuário-centrada.
Conclusões/Considerações Finais O trabalho mostra elementos de capacitação a partir da tentativa e erro (Sennett, 2009), porém o trabalho só pode ser realmente ‘autocapacitante’ na existência de tecnologias leve e leve-duras que permitam seu desenvolvimento para tornar-se vivo em ato (Merhy, 2002). Aqui a graduação aparece como algo que Freire (2005) nomeia educação bancária, na qual o educador deposita conhecimento das teorias e técnicas, transformando ação criativa humana em mera reprodução sonora de conhecimentos adquiridos. Esse modelo educativo converte-se em um trabalho também político-ético prescritivo e normatizador divergente àquele ideal ao ambiente da saúde pública. Junto a isso a gestão municipal, e da própria unidade, em alguns casos, não são facilitadoras de educação permanente (reflexiva) e possibilidades de ações criativas e transformadoras em seu ambiente de trabalho, sendo, as organizações, sustentadas por uma forte estrutura burocrática e da tradição médica.
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