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12/10/2016 - 10:45 - 12:00
GT 36 - Perspectivas Diversas sobre Saúde Coletiva (II)

12132 - A ENTREVISTA MCGILL MINI NARRATIVA DE ADOECIMENTO COMO FACILITADORA NO DESENVOLVIMENTO DA RELAÇÃO ALUNO-PACIENTE NO APRENDIZADO DO INTERNO EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNI
DANIELA FREITAS BASTOS - UFRJ, ANTONIO JOSE LEDO ALVES DA CUNHA - UFRJ, ALICIA NAVARRO DIAS DE SOUZA - UFRJ


Apresentação/Introdução
Em substituição ao modelo assistencial historicamente biomédico pelo modelo biopsicossocial, a Estratégia de Saúde da Família objetiva a reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios A busca da integralidade da assistência, o estabelecimento de alianças de compromisso e de responsabilidade mútua entre profissionais e pacientes indicam novas direções na atenção da saúde. Ao mesmo tempo, o desafio é formar profissionais de saúde mais humanistas, direcionados para a integralidade da atenção à saúde, características fundamentais e indispensáveis consoantes as Diretrizes Curriculares Nacionais. Ferramentas narrativas na formação médica estimulam interesse pela experiência de adoecimento vivida pelo paciente e proporciona maior inserção do aluno no contexto sociocultural de sua prática. O desenvolvimento da competência narrativa busca formar médicos capazes de sustentar a relação com o paciente para além da consulta diagnóstica e tratamento. A Entrevista McGill Narrativa de Adoecimento (McGill MINI) é uma ferramenta que estimula esta competência.


Objetivos
Descrever a contribuição da aplicação da Entrevista McGill MINI por Internos em Medicina de Família e Comunidade (MFC) no entendimento e desenvolvimento da relação aluno-paciente, no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Município de Piraí-RJ.


Metodologia
Quatro turmas do Internato em MFC no município de Pirai-RJ participaram do treinamento na Entrevista McGill MINI. Foram convidados 76 alunos, dos quais 48 quiseram participar do treinamento, e 14 alunos aceitaram participar da pesquisa.
Os 14 alunos, sujeitos da pesquisa, conduziram em média duas entrevistas, e participaram efetivamente de pelo menos quatro entrevistas McGill MINI, uma vez que a realização era sempre feita por uma dupla de alunos. A equipe da unidade de saúde apontou dificuldades no manejo clínico de 41 pacientes com diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica ou diabetes mellitus e não-adesão ao tratamento.
Os 14 alunos foram entrevistados individualmente pela pesquisadora sobre sua experiência e conhecimento prévios acerca do fenômeno da adesão no início e fim do Internato. A entrevista individual final, além de incluir as questões da entrevista inicial, continha perguntas para conhecer a apreciação da experiência dos alunos com a entrevista McGill MINI.



Discussão e Resultados
A realização da entrevista McGill MINI permitiu ao aluno o ganho de conhecer o paciente em seu contexto, de descobrir os motivos da não adesão, e entrar em contato com aspectos do mundo do paciente com doença crônica relevantes, descritos na literatura. Eles puderam conhecer associações da não-adesão com a doença assintomática, com o uso da bebida alcoólica, com outros significados de adoecimento como “nervosismo” e “tristeza”, através das narrativas dos próprios pacientes que, ao final, propiciou o reconhecimento dos alunos do valor da experiência para uma mudança na forma de abordar seus pacientes, sentindo-se mais confiantes para investigar com eles suas dificuldades em seguir um tratamento, e estimular sua autonomia e autocuidado.. Os alunos mostraram claramente compreensão e valorização da narrativa na clínica, apontadas também por Greenhalgh et al. ao considerar o sujeito na construção de suas estórias em relação ao processo de adoecimento, suas demandas, suas formas de compreensão e respostas. O aluno teve a chance de incorporar o ouvinte que deseja capturar e perceber os elementos surgidos a partir da vivência do adoecimento.


Conclusões/Considerações Finais
O aluno aprendeu a encontrar caminhos de acesso ao outro. A importância da escuta da experiência de adoecimento e tratamento como uma dimensão necessária ao lado do conhecimento biomédico mostrou-se útil, e desejada pelos alunos. A experiência com a entrevista McGill MINI despertou nos alunos um sentimento de maior capacidade na abordagem dos pacientes. O aumento dos estudos sobre a experiência do paciente, seus sofrimentos, sua forma de compreender e enfrentar seu adoecimento, têm contribuído para o manejo de doentes crônicos e dificuldades de adesão ao tratamento. Isto já faz parte do campo de pesquisa da prática médica, devendo ser incluída no campo da formação médica.


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